A Justiça de Araçatuba (SP) prorrogou por mais 30 dias as prisões temporárias dos investigados na "Operação Ligações Perigosas", deflagrada no dia 6 de setembro, em parceria entre o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada Contra o Crime Organizado), órgão do Ministério Público, e a Polícia Civil.
Na ocasião foram expedidos pela 1ª e pela 2ª Varas Criminais de Araçatuba, 35 mandados de prisão temporária pelo prazo de 30 dias, os quais venceriam neste sábado (5). As prorrogações são necessárias para que seja dada sequência às investigações. A reportagem apurou que parte dos investigados pelo Gaeco já foi ouvida, mas nenhum investigado pela Polícia Civil teria sido ouvido até o momento.
A "Operação Ligações Perigosas" é considerada uma das maiores ações resultante de investigação feita em Araçatuba. Em entrevista coletiva concedida no mesmo dia, as autoridades relataram que o objetivo inicial da investigação era combater os vários crimes de homicídio registrados nos últimos meses na cidade e o tráfico de drogas.
Porém, no decorrer dos trabalhos foi apurado que a organização criminosa PCC estaria financiando compras de apoio popular e teria levado pessoas em um ônibus que saiu de Araçatuba, para uma manifestação contra o fim da saída temporária para presos, realizada em 29 de abril, em Brasília (DF).
Financiamento
Ainda de acordo com o que foi divulgado, a investigação apontou indícios de que autoridades públicas da cidade e outras pessoas teriam financiando essas manifestações. A reportagem apurou que, no caso da Polícia Civil, a investigação partiu da prisão realizada em 3 de maio, de um homem que é apontado como chefe do tráfico no bairro Mão Divina e que seria integrante do PCC.
No celular dele foram encontradas conversas relacionadas à locação do ônibus que saiu de Araçatuba, com representantes de um partido político da cidade. No dia 18 de setembro a Polícia Militar prendeu um homem de 28 anos, que foi alvo de mandado de prisão durante a operação, mas não havia sido localizado.
A investigação aponta que o ônibus que saiu de Araçatuba para a manifestação teria sido alugado no nome dele, que é considerado o “braço direito” do suposto líder da facção em Araçatuba.
Vereador
No celular apreendido também havia conversas sobre a doação de copos de água para a viagem, feita pelo vereador Antônio Edwaldo Costa (União Brasil), o Dunga. Ele foi um dos alvos de cumprimento de mandado de busca durante a operação.
Segundo o que foi informado, um homem que foi chefe de Gabinete dele na Câmara, e que foi preso durante a operação, teria relação com a organização criminosa e estaria envolvido com o tráfico de drogas. Esse ex-assessor tem um irmão que foi também foi preso durante a operação e seria membro da facção criminosa, segundo a investigação.
Na quinta-feira (3), o Gaeco, com apoio da Polícia Militar capturou mais um investigado que era considerado foragido. Ele foi encontrado na casa da namorada dele, em Birigui. Com isso, restariam dois foragidos para serem capturados.