Polícia

Investigação da Polícia Civil de Araçatuba evitou roubo ao apartamento do ex-presidente Collor

Mulheres que roubaram apartamento em Araçatuba teriam participado de roubo em prédio em São Paulo, onde o ministro do STF, André Mendonça, tem apartamento; trabalho da polícia de Araçatuba foi destaque em reportagem do Fantástico
Lázaro Jr.
22/07/2024 às 19h36

A investigação da Polícia Civil de Araçatuba (SP) que esclareceu três roubos na cidade, dois deles em imóveis de famílias tradicionais, e que resultaram em prejuízo de mais de R$ 1,3 milhão às vítimas, também impediu um roubo semelhante no apartamento do ex-presidente da República, Fernando Collor de Melo, em Maceió (AL).

 

A informação foi divulgada em reportagem especial exibida pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no último domingo (21). Segundo a reportagem, integrantes do mesmo grupo investigado foram presos pela Polícia Civil de Alagoas quando saíam de um condomínio de apartamentos naquele Estado.

 

Ainda de acordo com a publicação, a Polícia Civil de Araçatuba conseguiu identificar 12 integrantes do suposto grupo criminoso graças a um Pix usado para o pagamento de um lanche, feito por uma das acusadas de participar do furto em um dos apartamentos em Araçatuba.

 

Essa mesma mulher era procurada pela Polícia Civil de São Paulo, acusada de ter participado de um assalto em um edifício onde o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), André Mendonça, tem apartamento.

 

Operação

 

Conforme já divulgado, no dia 3 deste mês a Polícia Civil de Araçatuba deflagrou a “Operação Lógos”, que resultou na prisão de suspeitos de integrar uma organização criminosa especializada em furtos e roubos em condomínios de alto padrão em várias cidades do Brasil.

 

Os roubos em Araçatuba aconteceram em janeiro e fevereiro e a investigação foi realizada pela DIG/Deic (Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada de Investigações Criminais). O Fantástico exibiu imagens de um dos assaltos praticados na cidade, em 13 de janeiro.

 

Elas mostram três homens invadindo a casa de uma das vítimas, pelo portão. Um deles, apontado como  líder intelectual do grupo, seria um homem que aparece nas imagens rendendo uma funcionária que chegava para o trabalho durante o furto, que virou roubo.

 

Lanche

 

A partir das investigações, a polícia conseguiu identificar os autores e constatou que se tratava de um suposto grupo criminoso, no qual inclusive teria mulheres participantes. Essa identificação se deu por meio das imagens de outro furto, praticado no apartamento de uma das famílias tradicionais de Araçatuba, em um edifício residencial.

 

Ao analisar as gravações, a polícia notou que uma das duas mulheres chega à portaria do condomínio segurando um lanche. Usando as técnicas de investigação, a equipe descobriu que esse lanche havia sido comprado em um estabelecimento localizad a menos de um quilômetro do apartamento das vítimas.

 

Os policiais tiveram acesso às imagens de monitoramento desse comércio e descobriram que o pagamento havia sido feito por Pix, usando a conta de uma tia dessa investigada que já havia sido flagrada pelas câmeras no roubo no apartamento do ministro.

 

Monitoramento

 

Com base na identificação dela, a Polícia Civil de Araçatuba obteve autorização judicial para monitorar os telefones oficiais e identificou os demais investigados. E fazendo o monitoramento autorizado desses aparelhos, a polícia teve acesso a um áudio, no qual o homem apontado com líder da suposta quadrilha fazia reserva em uma pousada perto de Maceió, para furtar o apartamento de Collor.

 

A reserva teria sido feita para quatro pessoas. A Polícia Civil de Alagoas foi comunicada pela DIG/Deic de Araçatuba sobre esse possível roubo ao apartamento de Collor e de outra cobertura no mesmo condomínio. O grupo passou a ser monitorado e foi confirmado que os investigados saíram de carro de São Paulo e foram para Maceió.

 

Segundo a Polícia Civil de Alagoas, os acusados chegaram a visitar prédios onde residem vários empresários e autoridades naquele Estado. Eles foram abordados quando saíam de um desses edifícios residenciais e presos por determinação da Justiça.

 

Crimes

 

Ainda de acordo com a polícia, a escolha dos alvos era feita por meio de banco de dados adquiridos no mercado negro. Depois, o próprio suposto líder do grupo seria uma das pessoas que telefonava para a residência das vítimas, se passando por agente de concessionária de veículos, para obter infomações sobre a rotina da família.

 

Para ter acesso aos imóveis nos condomínios, os autores dos crimes diziam na portaria ser familiares dos moradores, como aconteceu no apartamento em Araçatuba.

 

Na reportagem do Fantástico consta que os autores dos crimes usavam o sistema da Polícia Militar para ficar monitorando os chamados para ocorrências e até os deslocamentos das viaturas durante os crimes.

 

Por isso, um relatório foi encaminado para a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado e para a Corregedoria da Polícia Militar, para apurar possível favorecimento. A SSP confirmou ao Fantástico que foi instaurado um procedimento investigatório. 

 

Os investigados estão presos temporariamente por 30 dias, prazo que pode ser prorrogado por mais 30 dias, para a conclusão do inquérito.

 

Acusados negam participação em roubos

 

Três homens que foram presos pela Polícia Civil de Araçatuba acusados de integrar essa suposta organização criminosa especializada em furtos e roubos em condomínios de alto padrão em várias cidades do Brasil, foram ouvidos em audiência pela Justiça de Araçatuba na última sexta-feira (19) e negaram participação nos crimes.

 

Ao serem ouvidos pela polícia após os mandados de prisão temporária, cumpridos em São Paulo, dois deles negaram participação nos crimes, mas um havia confessado a autoria, segundo o que foi informado. Um dos investigados ouvidos na audiência é o suposto líder do grupo. Os três foram acompanhados do advogado Milton Walsinir de Lima.  

 

A versão apresentada por um dos acusados, que é morador em São Paulo, é que entre 10 e 11 de fevereiro ele teria viajado até Araçatuba com o genro dele, que também está preso e foi ouvido, para receber valores referentes à negociação de um carro.

 

Porém, alegou que voltaram para São Paulo sem receber o suposto valor e que não conhece o suposto líder do grupo e nem as mulheres investigadas, com as quais teria viajado para Araçatuba, segundo a investigação policial. Ele também negou ser a pessoa que aparece conduzindo o carro que foi utilizado na fuga após o roubo a um apartamento em Araçatuba.

 

O genro desse primeiro investigado deu a mesma versão, alegando não conhecer as mulheres que teriam praticado o roubo e que estariam no carro com eles.

 

Líder

 

Já o suposto líder do grupo negou participação em qualquer um dos crimes, disse que nunca esteve em Araçatuba e que não conhece os demais investigados, com exceção de um deles, que conheceria de vista da faculdade.

 

Ele alegou que negocia celulares e que os aparelhos apreendidos com ele teriam sido vendidos em dezembro e pegos de volta, em abril, por falta de pagamento. Já os notebooks seriam de clientes. Porém, disse que trabalharia de maneira informal, sem fornecer ordem de serviço ou nota fiscal.

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