Polícia

Homem morto ao resistir à abordagem no São José teria avisado que não voltaria para prisão

Pedrinho cumpria pena no regime semiaberto por condenação por ter atropelado um policial militar e tinha condenações por 2 homicídios; era foragido desde junho, quando não retornou para a prisão após "saidinha"
Lázaro Jr.
17/10/2024 às 15h11
Foto: Ilustração/Divulgação Foto: Ilustração/Divulgação

O foragido da Justiça Pedro Henrique Carvalho, 32 anos, conhecido como "Pedrinho", que morreu baleado ao resistir a uma tentativa de abordagem por policiais militares no bairro São José, em Araçatuba (SP), na tarde de terça-feira (15), era considerado foragido da Justiça desde 17 de junho deste ano, segundo a SAP (Secretaria de Adminstração Penitenciária).

 

A reportagem apurou que ele já teria dito a pessoas próximas que não voltaria para a prisão e que há informações de que ele estaria sim andando armado.

 

Durante a ocorrência, foi apreendida uma pistola calibre 9 milímetros carregada com 16 munições intacatas que estaria com ele. A perícia também recolheu uma cápsula de projétil do mesmo calibre, que seria do disparo que ele teria feito contra os policiais durante a tentativa de abordagem.

 

Condenações

 

Conforme já divulgado, Pedrinho cumpria pena de 10 anos e 6 meses de prisão referente a condenação de 2018, pelo Tribunal do Júri, por ter atropelado um policial militar na avenida Abraão Buchala, durante uma blitz em 2015.

 

A reportagem também procurou a assessoria de imprensa do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que informou que com relação a essa condenação, ele havia progredido para o regime semiaberto em dezembro de 2022.

 

Homicídios

 

Pedrinho também foi condenado por participação em dois homicídios. Em novembro de 2020, ele foi condenado pelo Tribunal do Júri a 9 anos de prisão por participação no assassinato de Michael Jonathan Bernardo da Silva, 24. Nesse julgamento, não havia sido concedido a ele o direito de recorrer em liberdade.

 

Já em abril deste ano, Pedrinho foi submetido a novo julgamento pelo Tribunal do Júri de Araçatuba, desta vez por participação no assassinato do jardineiro Sidnei Rodrigues da Silva, que era pai de Michael. A pena foi de 15 anos, 11 meses e 29 dias de prisão.

 

Porém, na ocasião ele já aguardava julgamento em liberdade nesse processo, por força de um habeas corpus obtido pela defesa. Como a única condenação com prisão vigente era a referente à tentativa de homicídio contra o policial militar, ele foi beneficiado com a saída temporária e, como não retornou ao presídio, era considerado foragido desde junho.

 

Abordagem

 

Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, na tarde de terça-feira equipe de Força Tática em patrulhamento pelo bairro São José deparou-se com um veículo Honda City no qual Pedrinho estava como passageiro. Ao ser dada a ordem de parada, ele teria descido do banco do passageiro já com uma arma em punho e saído correndo pela rua José Smith Júnior, sentido bairro.

 

Os policiais seguiram em acompanhamento ainda dentro da viatura e, no cruzamento com a rua Nair de Lourdes Século, Pedrinho teria feito disparos contra a equipe e um dos policiais revidou.

 

Morreu

 

O acompanhamento prosseguiu e, durante a tentativa de fuga, o foragido mantinha uma das mãos na cintura e teria deixado algo cair no chão. Nisso, os policiais teriam feito novos disparos contra ele, sendo que um dos integrantes atirou com uma pistola .40 e o outro, com um fuzil 7.62.

 

Ao ser atingido Pedrinho caiu, o resgate foi acionado para prestar socorro, mas ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local, conforme óbito constatado pelo médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

 

Arma

 

Segundo o que foi apurado, na cintura dele os policiais encontraram um coldre de pistola. Já a arma que teria sido utilizada por ele foi encontrada caída no meio da rua, próximo ao local onde ele havia feito disparos contra a equipe. A pistola calibre 9mm estava com um carregador e 16 munições intactas.

 

A área foi preservada para a perícia, que foi acompanhada por equipe de plantão da Polícia Civil e da DH/Deic (Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais). Durante a perícia foi localizado e apreendido o estojo de munição 9mm.

 

Ao término dos trabalhos o corpo foi recolhido por equipe da Funerária Cardassi e encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) para exames necroscópico e residuográfico. Os policiais também passariam por exame residuigráfico e as armas foram recolhidas para perícia.

 

Ainda de acordo com o que foi apurado pela reportagem, a polícia não conseguiu identificar o condutor do Honda City, que deixou o local durante a tentativa de abordagem a Pedrinho.

 

Criança ferida

 

A reportagem apurou que durante o atendimento a essa ocorrência, foi socorrido um menino de 10 anos, que teria sofrido uma pequena lesão na perna direita. Ele foi levado por uma viatura da Polícia Militar ao pronto-socorro municipal, onde o médico que fez o atendimento relatou que aparentemente não se tratava de ferimento causado por estilhaço de projétil de arma de fogo.

 

Essa criança, segundo o que foi apurado, estaria no lado oposto ao que os policiais militares fizeram os disparos contra Pedrinho. Após receber atendimento, acompanhado da mãe, o menino passaria por exame de corpo de delito.

 

Legítima defesa

 

O delegado que presidiu a ocorrência considerou que os policiais militares que atuaram na ocorrência agiram em legítima defesa, prevista no artigo 25 do Código Penal, que é quando o policial usa força letal para proteger sua própria vida ou a de terceiros contra uma agressão atual ou iminente.

 

Após serem ouvidos eles foram liberados, mas um inquérito será instaurado pela DH/Deic para apurar as circunstâncias do ocorrido. O caso é acompanhado pelo Ministério Público.

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