Um homem de 57 anos foi preso na manhã desta sexta-feira (11) em Birigui (SP), acusado de tentativa de homicídio contra outro homem de 30 anos, que foi internado com ferimentos a faca. O caso aconteceu em um condomínio residencial da cidade, onde os dois trabalhavam como ajudante de pedreiro. O acusado alegou que apenas se defendeu de possível agressão.
Segundo o que foi apurado pela reportagem, esse condomínio tem acesso pela marginal da rodovia Deputado Roberto Rollemberg (SP-463), no trecho entre Birigui e Brejo Alegre. O flagrante foi feito por guardas municipais que foram informados sobre uma briga em uma obra desse condomínio, onde um dos pedreiros havia esfaqueado o outro no abdomen.
No local eles encontraram a vítima caída ao lado de uma poça de sangue e o investigado estava próximo dela, contido por outros funcionários da obra. Equipe de resgate do Corpo de Bombeiros fez o primeiro atendimento à vítima, que foi encaminhada ao pronto-socorro municipal para atendimento médico.
No local também foram apreendidas duas facas de cozinha, sendo uma de mesa de serra, mas sem os dentes por ter sido afiada, e uma com lâmina de aproximadamente 10 centímetros e que tinha resquícios de sangue.
Furto
Ao ser questionado sobre o que teria ocorrido, o autor das facadas disse aos guardas que final da tarde de ontem o colega de trabalho teria furtado R$ 1.000,00 em dinheiro da carteira dele. Ao perguntar sobre o furto, no início da manhã de hoje, a vítima o teria chamado de “vacilão”, dando início a uma discussão.
Ainda de acordo com o investigado, a vítima teria se armado com um cabo de enxada e partido para cima dele, que usou a faca que trazia consigo e o golpeado para se defender.
Segundo a Guarda Municipal, o autor das facadas não resistiu à prisão e foi encaminhado ao plantão policial, enquanto o local foi preservado por outra equipe para a realização de perícia.
Ao ser informada do caso, a Polícia Civil fez contato com o pronto-socorro e foi informada que a vítima sofreu diversos cortes superficiais e dois deles mais profundos, na região do abdome. O quadro clínico era considerado estável, mas o paciente não estava em condições de prestar declarações.
Investigação
O flagrante foi presidido pelo delegado Eduardo Lima de Paula, que também ouviu o encarregado da obra onde autor e vítima trabalham. Ele informou que o investigado está há mais tempo trabalhando no local na função de ajudante geral e até então não havia causado nenhum problema, sendo um bom trabalhador.
Já a vítima teria iniciado o trabalho na última segunda-feira, também na função de ajudante geral, e no dia seguinte foi apontada por suspeita de ter furtado o celular de um trabalhador em uma obra vizinha. Como no mesmo dia o proprietário rastreou o aparelho e o encontrou escondido na obra, ele não quis registrar a ocorrência.
Diante do ocorrido, o encarregado orientou os demais trabalhadores a não deixar dinheiro ou objetos de valor nas mochilas na obra. Porém, já no início da noite de quinta-feira ele recebeu mensagem no WhatsApp do investigado pela tentativa de homicídio, informando sobre o furto do dinheiro.
Na ocasião o encarregado respondeu que ele deveria se acalmar e que resolveriam a situação hoje. Porém, pela manhã ele recebeu nova mensagem do investigado, dizendo que iria trabalhar “preparado para o que der e vier” e que caso ele “não voltasse para a casa” , era para realizar o pagamento para a família dele, por Pix.
Ainda de acordo com o encarregado, não deu tempo de ele chegar à obra para tentar intermediar uma discussão sobre o assunto, pois quando chegou a tentativa de homicídio já havia ocorrido e a vítima já havia sido socorrida.
Dinheiro furtado de carteira seria usado para pagar aluguel
O homem acusado de ter esfaqueado o colega de trabalho em uma obra em um condomínio residencial de Birigui disse à polícia que o dinheiro furtado da carteira dele seria usado para pagar o aluguel.
Ao prestar declarações ele contou que trabalha na obra desde o começo, ou seja, cerca de seis meses, e nunca se envolveu em nenhum problema no trabalho. O investigado confirmou sobre o furto de um celular da obra vizinha no início da semana, mas que não chegou a ser comunicado à polícia.
Disse ainda que na tarde de quinta-feira percebeu que alguém havia mexido na carteira dele, que estava com os documentos remexidos. Somente quando chegou em casa, após o término do expediente, ele percebeu o desaparecimento de R$ 1.000,00. Ainda segundo o acusado, ele desconfiou da vítima devido tê-la visto próxima à carteira dele.
O acusado também confirmou ter enviado mensagem ao encarregado da obra informando o ocorrido e pedindo ajuda para resolver o problema. Ele disse que nesta manhã encaminhou outra mensagem pedindo ao encarregado que a vítima fosse impedida de entrar na obra, pois temia que algo de ruim pudesse acontecer.
Discussão
Por fim, informou que ao iniciar o trabalho, alguns colegas estavam sobre a laje e ele acabou ficando sozinho com a vítima. Nesse momento, aproveitou para questionar sobre o furto. Segundo o investigado, o colega de trabalho teria debochado dele, dizendo que seria “vacilão” por ter deixado o dinheiro “moscando”.
Na versão dele, os dois passaram a discutir, a vítima teria usado um cabo de enxada para atacá-lo, por isso, inicialmente teria conseguido se defender com um pedaço de caibro. Como a vítima teria seguido com os ataques, se lembrou que trazia no bolso uma faca que sempre carrega, para usar nas atividades de rotina na obra.
O acusado alegou não se recordar quantas facadas foram desferidas na vítima e disse que logo chegaram os outros pedreiros e os separaram. Ele disse ainda que não ofereceu resistência, entregou a faca para um dos seguranças do condomínio e não tinha a intenção de matar o colega de trabalho, mas apenas fazê-lo parar as agressões com o cabo de enxada.
Preso
Como não foi possível ouvir a versão da vítima, o delegado Eduardo Lima de Paula decidiu por manter a prisão em flagrante do investigado por tentativa de homicídio e ele permanecerá à disposição da Justiça, para ser apresentado em audiência de custódia.
Porém, um inquérito será instaurado para ouvir a vítima e outras testemunhas e buscar outras provas que auxiliem no esclarecimento do crime, inclusive eventuais imagens de câmeras de segurança. A faca utilizada no crime foi apreendida e será encaminhada para a perícia.