O hacker Patrick César da Silva Brito, 31 anos, foi ouvido pela Polícia Civil de Araçatuba (SP) em inquérito instaurado pela DIG/Deic (Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada de Investigações Criminais). Ele segue em liberdade provisória na Sérvia, desde o dia 22 de dezembro.
O investigado passou um ano preso e aguarda julgamento de recurso após ter sido rejeitado pedido de asilo naquele país, onde já houve decisão pela extradição. Patrick havia sido capturado em 23 de dezembro de 2022, por força de um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça de Araçatuba.
Esse mandado está relacionado ao processo que investiga os crimes de invasão de dispositivos e extorsão contra o prefeito Dilador Borges (PSDB) e a primeira-dama de Araçatuba, Deomerce Damasceno.
Já o inquérito em que ele foi ouvido investiga os crimes de coação no curso processo; injúria, calúnia e difamação; ameaça; falsidade documental; e exploração de prestígio . Há ainda um segundo inquérito que teve início da DIG/Deic, mas que foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil de Araçatuba.
Nesse caso, a investigação teve início para apurar possível crime de invasão de dispositivos , mas como houve indícios de possível participação de um policial civil, foi feito o encaminhamento para a corregedoria, que assumiu a investigação. Os dois processos tramitam na 1ª Vara Criminal de Araçatuba, mas estão em segredo de Justiça. Por isso, a reportagem não teve acesso ao teor do depoimento.
Outra investigação
A reportagem soube do depoimento por meio de publicação do site Contraponto, de Bauru, e confirmou com a Polícia Civil de Araçatuba que Patrick foi ouvido no dia 4 deste mês. A defesa do hacker também confirmou a informação.
Em dezembro do ano passado, após deixar a prisão, o investigado foi ouvido por uma comissão temporária na Câmara de Bauru, instaurada para investigar a invasão de dispositivos da vereadora Estela Almagro e do jornalista Nelson Itaberá, naquele município.
Em depoimento à comissão, também por videoconferência, o hacker admitiu que havia hackeado as redes sociais da vereadora, que só conseguiu reavê-las por intermédio da Justiça, e ter invadido dispositivos do jornalista.
Nesse caso, a Promotoria de Justiça, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), recebeu a representação e entendeu que devido aos supostos crimes terem sido cometidos quando o hacker já estava na Sérvia, a investigação deve ser feita para a Justiça Federal. Por isso, determinou que o procedimento fosse encaminhado ao MPF (Ministério Público Federal).
Conclusão
Ao prestar depoimento para a Câmara de Bauru, Patrick declarou que não havia tido a oportunidade de ser ouvido pela polícia com referência às acusações feitas contra ele, para dar a versão dele dos fatos.
Entretanto, ele já havia sido ouvido em outros dois processos, nos quais é acusado de invadir os dispositivos de uma advogada e no caso do prefeito de Araçatuba, tendo confessado os crimes nas duas ocasiões.
Nos dois casos os inquéritos foram relatados à Justiça, que acatou a denúncia do Ministério Público e expediu o mandado de prisão com relação ao processo que investiga os crimes contra Dilador, que resultou no mandado de prisão preventiva.
A reportagem apurou que com relação ao inquérito que ainda tramita na DIG/Deic de Araçatuba, após o depoimento Patrick foi formalmente indiciado pelos crimes investigados e o caso em breve também deve ser relatado à Justiça para as devidas providências.
Não há informações com relação ao inquérito que tramita na Corregedoria da Polícia Civil.