O ex-vereador Cido Saraiva, 60 anos, de Araçatuba (SP), registrou boletim de ocorrência de calúnia e difamação contra o hacker Patrick César da Silva Brito, 30, que está em liberdade provisória na Sérvia, onde deixou a prisão na semana passada, após passar um ano encarcerado.
Em entrevista a uma rádio de Araçatuba na última quarta-feira (27), o investigado afirmou que teria sido contratado por um filho de Cido Saraiva para invadir os dispositivos do prefeito Dilador Borges (PSDB) e da primeira-dama, Deomerce Damasceno.
O prefeito denunciou o caso à polícia no início de janeiro de 2021, mas eles teriam ocorrido em dezembro de 2020. Dilador havia sido reeleito em novembro, quando recebeu 41.161 votos, tendo Cido Saraiva concorrido pelo MDB e ficado em segundo lugar, 25.680 votos.
Dinheiro
Após a instauração de inquérito Patrick foi detido pela Polícia Civil de Araçatuba ainda em janeiro de 2021, quando teria confessado que havia hackeado as redes sociais e os e-mails de Dilador e Deomerce, para extorqui-los, tendo exigido o pagamento de R$ 70 mil na época, para devolver as contas.
Na ocasião, segundo o que foi apurado pela reportagem, em nenhum momento o hacker disse que havia agido a mando de alguém, tendo afirmado que o objetivo era obter vantagem própria. Já durante a entrevista à rádio, o acusado alegou que teria sido procurado por um filho de Cido Saraiva, a mando do pai dele, que “queria encontrar algum podre” de Dilador, por ter perdido a eleição.
Estranha
No boletim de ocorrência, registrado na companhia de um advogado, o ex-vereador afirma que nunca tratou de atos dessa natureza com qualquer pessoa e informou que causa estranheza que essa “acusação” seja feita às vésperas de ano eleitoral, em que ele é conhecidamente pré-candidato.
Cido Saraiva irá anexar vídeo gravado da edição do programa de rádio com a entrevista para ser anexado ao inquérito, que deve ser instaurado. A reportagem procurou a defesa de Patrick neste sábado e foi informada que ainda não havia sido comunicada do boletim de ocorrência.
Preso
O hacker foi preso em 23 de dezembro de 2022, pela Interpol, ao ser localizado na Sérvia, para onde havia se mudado em fevereiro de 2021. Na ocasião foi cumprido um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça de Araçatuba, referente ao processo em que ele é réu por invasão de dispositivos e extorsão contra o prefeito e a primeira-dama de Araçatuba.
Segundo o que foi informado pela defesa do hacker, a liberdade provisória foi concedida porque ele não poderia permanecer mais de um ano encarcerado naquele País, sem que haja uma decisão sobre a extradição, que já teria sido autorizada.
Porém, ainda há pendente julgamento de recurso contra decisão que negou pedido de asilo ao araçatubense. Ao ser concedida a liberdade, no último dia 22, a Justiça da Sérvia determinou a apreensão do passaporte de Patrick e o proibiu de deixar o País.
Bauru
Também na manhã de quarta-feira, o hacker prestou depoimento por videoconferência para uma comissão temporária na Câmara de Bauru, que investiga a invasão de dispositivos e redes sociais de uma vereadora e de um jornalista daquela cidade.
Em depoimento, ele alegou que foi contratado por um cunhado da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (PSD), a mando dela, para monitorar desafetos do governo na política local, em 2021. A prefeita também nega as acusações.