A defesa do comerciante de 50 anos, morador em Araçatuba (SP), que foi preso na última quarta-feira (6) em um flat em São Paulo, já entrou com o pedido de revogação da prisão preventiva na Justiça de Campo Grande. O mandado de prisão foi cumprido por equipe da DEDFAZ (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários) da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
Ele é acusado de ter se apropriado do dinheiro de uma moradora em Campo Grande repassado para a compra de dois veículos que nunca foram entregues a ela. O prejuízo estimado pela vítima, de acordo com a polícia, seria de aproximadamente R$ 800 mil.
Além disso, ainda de acordo com a polícia, existem mais de 30 boletins de ocorrência registrados contra o investigado na Polícia Civil do Estado de São Paulo, a maioria em Araçatuba. Todos os registros foram feitos por vítimas que também repassaram dinheiro para a compra de veículos, os quais não receberam, causando um prejuízo milionário.
Defesa
Nesta sexta-feira (8), a reportagem conseguiu contato com a defesa do comerciante, que é feita pelo advogado Thiago de Barros, do escritório Barile e Barros Advogados. Ele informa que esteve em Campo Grande na quarta e na quinta-feira, onde acompanhou o interrogatório do cliente dele e manteve contato com os representantes do Ministério Público e Juíza que atuaram na representação que ocasionou a decretação da prisão do comerciante.
“A prisão preventiva foi decretada por conta das informações que até então haviam sido disponibilizadas pela Autoridade Policial de Campo Grande. E as questões decorrentes destas informações foram esclarecidas através dos elementos que nós apresentamos. E, por conta disso, acreditamos que a prisão será compreendida como uma medida desnecessária, pois é naturalmente possível que ele responda a todas as acusações em liberdade”, declara.
O advogado faz questão de deixar claro que o cliente dele não foi detido com nenhum valor em dinheiro. Segundo a defesa, ao ser abordado pelos policiais que cumpriram o mandado de prisão, ele estava apenas com três celulares, dois deles quebrados, dos quais ele espontaneamente forneceu as respectivas senhas.
Hotel
Sobre o hotel no qual o investigado foi detido, Barros explica que o cliente dele estava residindo e trabalhando em São Paulo, em outro área de atuação, com o aluguel pago pelos familiares. Ainda segundo o advogado, o comerciante mora sozinho e na quarta-feira havia recebido a visita da esposa, que foi à Capital para levar o filho para uma consulta médica. “Foi uma infeliz coincidência a esposa e o filho dele estarem lá quando ele foi abordado pelos policiais”, argumenta.
A defesa reforça que o investigado deixou o apartamento levando apenas uma mochila com uma “muda” de roupa. “Não teve arrecadação de bens, não tinha dinheiro nenhum, não foi apreendido qualquer valor. Os celulares, apesar do que se possa imaginar, ele os entregou voluntariamente e forneceu suas senhas. Do apartamento saiu meu cliente, os aparelhos de telefone e a muda de roupas dele, apenas”, afirma.
Comerciante quer recompor os prejuízos causados, segundo a defesa
O advogado Thiago de Barros, que representa o comerciante de Araçatuba acusado de vários golpes na venda de veículos, informa que o cliente dele deseja recompor os prejuízos que causou às vítimas.
Ele confirma que houve a apropriação de dinheiro de clientes que pretendiam adquirir veículos com o investigado em Araçatuba, e também o caso em investigação na Polícia Civil de Campo Grande. Em Araçatuba, os inquéritos estão tramitando e, segundo o advogado, o cliente dele sempre esteve à disposição para colaborar com as investigações.
Já no caso de Campo Grande, a Polícia Civil representou pela decretação da prisão preventiva, tendo como um dos argumentos, o fato de o investigado não estar residindo na comarca dos fatos, o que poderia configurar possível tentativa de fuga. “Em momento algum ele pretendeu fugir, em momento algum ele se esquivou de qualquer notificação que recebeu para se falar sobre esses fatos”, afirma.
Internado
Ainda segundo o advogado, os casos em investigação aconteceram no primeiro semestre e, após um episódio que levou o cliente dele a ser hospitalizado, em julho, ele foi internado em uma clínica de recuperação. Após deixar a clínica, ele teria optado por estabelecer-se em uma cidade diferente da qual causou os transtornos.
A defesa argumenta que desde então não houve nenhuma nova conduta delitiva por parte do investigado, que está trabalhando em outra área. “Os fatos apontados em desfavor do meu cliente, apesar da grande quantidade e do volume de dinheiro que isso gera, são fatos antigos. E ele não fugiu daqui (de Araçatuba), ele ficou incomunicável por um período pelo fato de estar internado em uma clínica psiquiátrica”, informa.