O corretor de imóveis de 27 anos, que foi preso na última quarta-feira (10) pela Polícia Civil de Araçatuba (SP), é acusado de ajudar o hacker Patrick César da Silva Brito, na produção de um vídeo que colocou em risco o juiz que o condenou a mais de 9 anos de prisão, por invasão de dispositivo e extorsão contra o ex-prefeito Dilador Borges (PSD) e a esposa dele, Deomerce Damasceno.
O mandado de prisão foi cumprido na casa onde o investigado estava morando, em um condomínio fechado, e também no escritório que ele mantém em um edifício empresarial na avenida Brasília.
A reportagem apurou que no último sábado (13) foi realizada uma segunda etapa da investigação, com o cumprimento de mandado de busca expedido pela Justiça, tendo como alvo a mãe de Patrick.
Ela que já havia sido alvo de mandado de busca em outro inquérito e agora é suspeita de ter auxiliado na transmissão das imagens e pode também ter sido beneficiada financeiramente por isso. Durante as buscas, um celular foi apreendido, de acordo com o que foi apurado.
Condenado
Em 20 de agosto, foi proferida a sentença em primeira instância, condenando Patrick a 9 anos e 3 meses de prisão, processo contra os crimes praticados contra o ex-prefeito e contra a ex-primeira-dama, crimes cometidos em dezembro de 2020.
Após a publicação da matéria sobre a condenação, o hacker divulgou pelo menos três vídeos, contestando a decisão, um deles, com imagens relacionadas ao juiz que julgou o processo.
A reportagem teve acesso aos três vídeos e não vai informar sobre o conteúdo, considerado covarde por parte de integrantes do Judiciário e do Ministério Público, que também receberam as imagens, que foram disseminadas pelo aplicativo WhatsApp.
Dias depois, Patrick também divulgou um vídeo direcionado a este repórter, apagando mais uma página pessoal que ele possuía no Facebook, como forma de represália por ter publicado a matéria sobre a condenação.
Imagens
O que chamou a atenção é que apesar de estar na Sérvia desde 2021, onde aguarda uma definição do governo daquele País para ser extraditado para o Brasil, o hacker teve acesso a imagens internas do edifício onde reside o juiz que o condenou.
A reportagem apurou que após a divulgação dos vídeos, que têm essas imagens, a Polícia Civil instaurou um inquérito que apura incitação ao crime, perseguição, injúria e coação no curso do processo.
E segundo o que foi apurado, durante a investigação, o corretor foi identificado como sendo a pessoa que teria passado tais imagens para o hacker fazer o vídeo.
Além de morar em um apartamento no mesmo edifício, o corretor também foi condenado pele mesmo juiz em processos distintos, pelos crimes de lavagem de dinheiro, estelionato e relacionados à lei Maria da Penha.
Preso
Também foi apurado que após a divulgação do vídeo e diante da repercussão que causou, o corretor de imóveis mudou-se do prédio para o condomínio residencial, onde foi preso. Ele foi levado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Lavínia.
A prisão contra ele é preventiva, assim, ele deve permanecer por tempo indeterminado à disposição da Justiça. O caso tramita em sigilo e segue em investigação.
Defesa
A reportagem procurou o advogado Rafael Scudeller, que faz a defesa do corretor de imóveis, que reforçou que a prisão preventiva decretada em desfavor dele não possui qualquer relação com a atividade empresarial ou com a família dele.
"Entendemos que a medida foi desnecessária e desproporcional, especialmente diante da ausência de fundamentos que justifiquem a segregação cautelar. Confiamos que o andamento regular da investigação demonstrará a inocência do meu cliente em relação aos fatos que lhe foram atribuídos", informa em nota.
A reportagem ainda tenta contato com o advogado responsável pela defesa da mãe de Patrick.