Polícia

Ainda na Sérvia, hacker é acusado de extorquir vereador em Araçatuba

Parlamentar registrou boletim de ocorrência contra Patrick, que aguarda julgamento de recurso após ter pedido de asilo negado naquele país
Lázaro Jr.
12/04/2024 às 06h58
Patrick segue na Sérvia, aguardando julgamento de recurso contra pedido de extradição (Foto: Reprodução) Patrick segue na Sérvia, aguardando julgamento de recurso contra pedido de extradição (Foto: Reprodução)

O hacker Patrick César da Silva Brito, que segue na Sérvia aguardando julgamento de recurso contra decisão que negou pedido de asilo a ele naquele país, voltou a ser denunciado na polícia em Araçatuba (SP), por extorsão.

 

A vítima desta vez é um vereador, que registrou boletim de ocorrência na manhã de quarta-feira (10), informando que em janeiro um amigo recebeu uma ligação telefônica de Patrick, dizendo que gostaria de falar com ele.

 

Ao pegar o celular, o hacker teria dito a ele que teria informações para vender referente a um candidato a prefeito na eleição passada e que também concorreria na eleição deste ano.

 

Apesar de o vereador ter informado que não tinha interesse em tais informações, Patrick teria insistido e pedido R$ 5.000,00 para passar tais informações, alegando que precisava do dinheiro para pagar um advogado.

 

Ainda segundo o vereador, o hacker teria pedido o contato dele, que recusou fornecer. Apesar disso, desde então passou a receber várias mensagens via WhatsApp, as quais nunca foram respondidas.

 

Ameaças

 

Porém, na manhã de quarta-feira, Patrick teria encaminhado uma mensagem em tom ameaçador para o parlamentar, dizendo que ele teria que responder a demanda naquele dia, caso contrário teria “um problema inimaginável”, pois iria expô-lo.

 

Minutos depois, o vereador recebeu outra mensagem, na qual o hacker teria dito que estava entrando em contato com todo mundo que ele conhecia e que publicaria um áudio dele no Youtube para comprometê-lo.

 

Ainda de acordo com o vereador, instantes depois ele recebeu mensagem de um colega da Câmara informando que havia recebido mensagens de Patrick, dizendo que queria falar com ele. Cópias das mensagens enviadas pelo hacker foram entregues à polícia e um inquérito deve ser instaurado para investigar o caso.

 

A reportagem entrou em contato com os advogados que representavam o hacker em Araçatuba, mas eles informaram que renunciaram. O investigado teria constituído outra advogada, que também teria renunciado e, segundo o que foi apurado, ainda não consta procuração nos autos referente ao atual defensor.

 

Prisão

 

Patrick foi preso na Sérvia em 23 de dezembro de 2022, por força de um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça de Araçatuba. Ele foi denunciado por invasão de dispositivos e extorsão contra o prefeito Dilador Borges (PSDB) e a primeira-dama de Araçatuba, Deomerce Damasceno. Ele também é investigado pelos crimes de coação no curso processo; injúria, calúnia e difamação; ameaça; falsidade documental; e exploração de prestígio.

 

Há ainda um inquérito que teve início na DIG/Deic (Delegacia de Investigações Gerais da Divisão Especializada de Investigações Criminais), para apurar possível crime de invasão de dispositivos, mas devido a indícios de possível participação de um policial civil, o procedimento foi encaminhado para a corregedoria, que assumiu a investigação.

 

Os dois processos tramitam na 1ª Vara Criminal de Araçatuba, mas estão em segredo de Justiça.

 

Liberdade

 

Em 22 de dezembro do ano passado, a Justiça da Sérvia concedeu a liberdade a Patrick, já que a legislação daquele país não permite que uma pessoa fique presa por mais de um ano, por mandado de prisão expedido por outro país.

 

A defesa do hacker entrou com pedido de asilo assim que ele foi preso, alegando que ele correria risco de vida caso voltasse para o Brasil. O pedido foi negado, sendo determinada a extradição para o Brasil, mas houve recurso, que ainda está para ser julgado. 

 

Bauru

 

Logo após deixar a prisão, Patrick prestou depoimento por videoconferência para uma comissão temporária na Câmara de Bauru, que foi instaurada para investigar a invasão de dispositivos de uma vereadora e de um jornalista naquele município. Na ocasião, o hacker admitiu ter hackeado as redes sociais da parlamentar, que só conseguiu reavê-las por intermédio da Justiça, e ter invadido dispositivos do jornalista.

 

Nesse caso, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de Bauru entendeu que devido aos supostos crimes terem sido cometidos quando Patrick já estava na Sérvia, a investigação deveria ser feita pela Justiça Federal e encaminhou o procedimento ao MPF (Ministério Público Federal).

 

Ouvido

 

Ainda durante depoimento para a Câmara de Bauru, o hacker declarou que não havia tido a oportunidade de ser ouvido pela polícia com referência às acusações feitas contra ele, para dar a versão dele dos fatos.

 

Dias depois ele prestou depoimento para a DIG/Deic de Araçatuba e foi formalmente indiciado pelos crimes investigados em Araçatuba. Por enquanto não há informações com relação ao inquérito que tramita na Corregedoria da Polícia Civil.

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