A Polícia Militar de Araçatuba (SP) prendeu na tarde de terça-feira (22), Carlos André Assis, 41 anos, que era considerado foragido da Justiça de Campinas, onde foi denunciado por feminicídio. Ele é acusado de ter matado a tiros uma mulher com a qual se relacionava, e que estaria esperando um filho dele.
A prisão foi feita por equipe do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia), durante patrulhamento pela avenida Brasília, por volta das 15h30. O réu foi encontrado nas imediações da Prefeitura e após ser constatado que havia um mandado de prisão preventiva contra ele, foi apresentado no plantão policial e permaneceu à disposição da Justiça.
A reportagem teve acesso à denúncia do Ministério Público, na qual consta que o crime aconteceu na noite de 23 de maio de 2017, no bairro Vila Padre Manoel da Nóbrega, em Campinas. A vítima é Vera Lucia Pezzuto, que foi assassinada com dois tiros na cabeça. Um irmão dela relatou à polícia na época que residia nos fundos da casa dela, no mesmo terreno. Naquela noite os dois estavam juntos quando Vera recebeu uma mensagem no celular e saiu na rua.
Em seguida dele foi deitar-se, mas cerca de uma hora depois foi acordado por um filho, informando que a vítima havia sido baleada. No local ele encontrou Vera caída no chão, acompanhada de policiais militares e o resgate do Corpo de Bombeiros confirmou o óbito.
Grávida
Somente naquele momento o irmão da vítima soube que ela estaria grávida, pois com ela foi encontrada uma carteirinha referente a consultas médicas de pré-natal. A partir daí, ele relacionou a morte à mensagem que a irmã dele havia recebido antes de sair de casa.
Consta na denúncia que o celular de Vera não foi encontrado e, após ser apontado por testemunhas como o possível autor do crime, Assis foi ouvido e negou. Porém, confirmou que teria mantido relação sexual recentemente com a vítima.
Com autorização da Justiça a Polícia Civil conseguiu a quebra do sigilo do telefone do réu e foram encontrados indícios que o relacionaram diretamente ao crime. Ao ser informado dessas provas, Assis resolveu confessar a autoria, informando que teria usado um revólver calibre 38 para matar Vera. Sobre a arma, o réu alegou que a teria jogado em um rio em Araçatuba.
HIV
Na versão do acusado, ele afirmou que decidiu matar a vítima por ela supostamente tê-lo informado que suspeitava que teria contraído o vírus da Aids. Além disso, alegou que ficou desesperado quando soube que o teste de gravidez havia dado positivo. O réu argumentou ainda que pensou na possibilidade de ter sido contaminado pelo vírus HIV e que pudesse tê-lo transmitindo à companheira dele, já que o relacionamento com Vera seria esporádico.
Por fim, alegou estar arrependido do crime, pois se não fosse pela suspeita de ter contraído o vírus HIV, não teria perdido a cabeça, pois já tinha outros dois filhos com mulheres distintas e não teria problemas em criar um terceiro.
Prisão
Ao representar pela decretação da prisão preventiva de Assis, o Ministério Público justificou que o crime “causou verdadeiro alarido social, asco, atemorizando a família da vítima e a sociedade”. Também foi citado que o réu é pessoa dada a cometer crimes, com base em documentos fornecidos pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Ele foi denunciado por homicídio qualificado pelo motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e contra a mulher, por razões da condição de sexo feminino (feminicídio).