Por Cássio Betine
A Neuralink anunciou que está procurando voluntários para a implantação do seu segundo chip cerebral em humanos. Em janeiro deste ano, a empresa de Elon Musk já havia conseguido autorização do FDA (Federal Drug Administration) - uma espécie da Anvisa brasileira, para realizar seu primeiro procedimento deste tipo, e o fez.
A princípio, a ideia desse chip é a de ajudar pessoas com deficiência ou lesões traumáticas, como por exemplo paralisia de membros ou nervos, possibilitando que elas possam se mover, se comunicar, operar telefones e outros aparelhos, além de restaurar a visão. O primeiro procedimento foi bem sucedido, o paciente realmente conseguiu realizar algumas operações usando somente o pensamento, como mover cursor de mouse e digitar palavras.
Mas apesar de ter havido complicações no primeiro implante, a empresa continua avançando em seus testes, tanto que sua ambição é de implantar mais de 20 mil chips em cérebros humanos até 2030. Vale lembrar que os problemas do primeiro implante foram no sistema e não no paciente, que aparentemente em nada foi afetado.
Para quem não sabe como esse negócio funciona, o tal chip cerebral (ou neural) identifica impulsos cerebrais e ajuda a contornar limitações, regenerando partes do cérebro responsáveis pelos movimentos, o que representa um marco extremamente importante no avanço da ciência de neurotecnologia.
Mas parece que isso não ficará apenas no objetivo de recuperação de movimentos afetados pelo sistema nervoso. As possibilidades são grandes para uma série de outras aplicações. A própria visão futura da Neuralink aponta para muito além disso.
Eles acreditam, por exemplo, que os implantes poderão aumentar a capacidade cognitiva das pessoas. Imagine só um cérebro "chipado" ter acesso instantâneo a informações, idiomas ou habilidades complexas diretamente da internet ou de um super HD?
Imagine também uma pessoa poder fazer uma chamada telefônica ou enviar uma mensagem para outra pessoa “telepaticamente” ? Seria o fim dos smartphones? Talvez compartilharmos pensamentos, emoções e experiências sem usar palavras?
E mover objetos conectados por IOT? O primeiro paciente já conseguiu movimentar o cursor de um mouse! Talvez ligar a luz de sua casa ou acionar uma Alexa seria fichinha, uma vez que o cérebro tenha esse poder.
E isso tudo poderia expandir para tantas áreas que pudéssemos imaginar, como exploração espacial, inteligência artificial, robótica, mobilidade etc etc etc.
Claro que há enormes desafios para que isso aconteça, mas a questão é que o negócio existe e é realidade. Por isso, minha tese (talvez uma simples previsão da combinação dos fatos), é que realmente este pode ser um novo momento mental da humanidade. E quem sabe, esse tal chip cerebral possa ser a chave dessa mudança? Só o tempo dirá.
*Cássio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos
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