Por Cassio Betine
Campanhas eleitorais que não utilizarem as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) este ano, estarão fadadas ao fracasso e ao desperdício de tempo e dinheiro.
Estima-se que aproximadamente 700 mil candidatos concorram ao pleito para o legislativo e executivo das 5.570 cidades brasileiras. Apesar de não haver sinais de que os famigerados e poluentes “santinhos” serão abandonados, a tendência é realmente que eles não façam muita diferença e sim, que as mídias digitais sejam as protagonistas.
Alguns motivos são bem simples: ela é mais rápida, mais barata e muito mais versátil. Porém, é bem provável que a maioria desses candidatos não irá utilizar esse recurso, principalmente pela falta de conhecimento e familiaridade com as ferramentas de produção e distribuição de conteúdo. Porém, quem pesquisar pelo menos um pouco, poderá ter uma pequena vantagem. E, claro, quem tem suporte profissional, uma vantagem bem maior.
No Brasil, atualmente, há mais de um smartphone por habitante. Segundo um levantamento anual divulgado pela FGV, são 242 milhões de celulares em uso no país, que tem pouco mais de 214 milhões de habitantes. Além disso, considerando todos os dispositivos digitais (como computadores, notebooks, tablets e smartphones), a média chega a 2,2 dispositivos digitais por habitante, totalizando cerca de 464 milhões de aparelhos. E, em média, um brasileiro passa cerca de nove horas por dia utilizando smartphones e computadores. Isso representa aproximadamente 56,6% das horas acordadas. É realmente muito.
Agora, olha só essa estatística sobre as redes sociais e mensageiros. Em média, os brasileiros passam 30 horas mensais no TikTok, dedicam 24 horas ao WhatsApp, 22 horas no YouTube e no Instagram e cerca de 12 horas no Facebook. Já o antigo Twitter (agora chamado de X) consome aproximadamente 3 horas mensais. Ou seja, praticamente todo mundo está conectado o dia todo em um dispositivo digital. E essa será, sem dúvida, a grande vedete dessa campanha eleitoral.
Apesar de parecer óbvio, é possível que muita gente não enxergue esse cenário. Pior que isso, é possível dizer com certa tranquilidade, que a maioria esmagadora - me arrisco dizer uns 90%, desse mar de candidatos, não tem a mínima ideia de como utilizar esses recursos para potencializar sua campanha. A grande novidade é que, hoje, existem centenas de ferramentas extremamente inteligentes que podem fazer muita coisa, sem a necessidade de contratações de profissionais especializados para isso.
Uma delas são os tutoriais que orientam e dão dicas de como usar esse tipo de recurso. Basta fazer a pesquisa correta que muita coisa boa aparece, tanto em texto, como em áudio ou audiovisual. Alguns casos, até crianças ou adolescentes ensinam de forma bem simples fazer uso de determinado recurso, como por exemplo, usar inteligência artificial que criam slogans ou simples filtros e editores de vídeos do TikTok e CapCut, os quais quebram um galho e tanto, apesar de não serem profissionais.
Há também centenas de recursos gratuitos ou pagos que podem montar de forma online avatares, figurinhas, banners, animações, etc. Tudo bem rápido e com boa qualidade. Até vídeos completos que incluem imagens, locuções, efeitos e trilhas sonoras é possível. Basta dar uma boa fuçada.
Mas, acredito que a grande vedete para os candidatos que querem sair do “mais do mesmo”, está mesmo nas inteligências artificiais. Como mencionado antes, elas podem operar milagres em segundos. Desde criar um plano de campanha, com cronograma de execução, estratégias de abordagem com o eleitor, até produzir as artes necessárias para distribuição.
É claro, que para isso é necessário que o usuário faça o prompt correto (prompt = instrução, orientação que se dá ao sistema para obter a resposta mais próxima do que se deseja). Isso não é proibido, nem politicamente incorreto. Pelo contrário, maximiza tempo, reduz custos e, geralmente, o resultado é bem satisfatório.
Em resumo, existem centenas de ferramentas digitais soltas nesse mundão da internet que podem fazer muito, mas muito mesmo, para um candidato realizar uma campanha eleitoral minimamente boa. Mesmo as cidades com menos de 10 mil habitantes, onde praticamente todo mundo se conhece, elas podem fazer a diferença em meio às comunicações convencionais, considerando que praticamente todo mundo têm um aparelho celular com pelo menos um aplicativo de rede social e mensageiro instalado.
Do lado dos órgãos reguladores, as tecnologias de segurança contra invasão de urnas eletrônicas e disseminação de informações falsas (fakenews) ganham mais reforço, através de criptografias avançadas e também do uso de sistemas de inteligência artificial.
Do lado do eleitor, portanto, caberá definir qual a melhor, mais convincente ou mais verdadeira mensagem que depositará seu crédito, seu voto. Mas uma coisa é certa. O “santinhos” digitais serão muito hightech dessa vez, mesmo com a minoria dos candidatos fazendo uso dessas tecnologias.
*Cássio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos
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