Por Cássio Betine
A Inteligência Artificial Forte (IA Forte), também conhecida como Inteligência Artificial Geral (AGI), é um conceito teórico que se refere à capacidade de uma máquina de realizar qualquer tarefa intelectual que um ser humano possa fazer. A diferença básica da IA Fraca e da Forte é que a Fraca é projetada para executar tarefas específicas, com opções de respostas pré-determinadas, já a Forte visa replicar a inteligência humana em sua totalidade, incluindo a capacidade de aprender, raciocinar, resolver problemas e ter consciência própria.
Apesar das pesquisas e desenvolvimentos estarem sendo focados atualmente em IA especializada (Fraca), que são treinadas e otimizadas para tarefas específicas, os objetivos para o desenvolvimento da IA “que pensa” fica mais para o longo prazo, mas não tão distante a ponto de serem esquecidos, pois quando descobrimos e aprendemos algo novo, é difícil retroceder. Portanto, a possibilidade do avanço dessa “assustadora” IA é real.
Para se ter ideia, as aplicações potenciais de uma inteligência artificial pensante são tão vastas que poderiam revolucionar completamente nossas vidas, pois muitas das tarefas que realizamos hoje, elas poderiam fazer mais rápido e melhor. Daí entra em cena o medo de muitas pessoas sobre uma possível completa substituição do próprio ser humano. E isso não é de todo impossível. Será que estaríamos então criando um monstro que poderia nos eliminar?
Se as tecnologias hoje já parecem estar onipresentes com essas IAs Fracas, imagine então com a Forte? Quem nunca recebeu um anúncio de um produto ou serviço sem que precisasse pesquisar por ele. A grande rede está praticamente conectada a tudo e a todos. Hoje, pelo celular e pelas centenas de dispositivos eletrônicos que utilizamos. E quando não houver mais celulares e os chips cerebrais fizerem esse serviço? Só pra lembrar, o primeiro chip cerebral foi implantado este ano num humano e está funcionando. E quando a IA Forte estiver “solta” por aí?
Os dispositivos e ferramentas que lêem nossos pensamentos já existem. Uma empresa australiana desenvolveu agora em 2024, um boné que lê os sinais cerebrais, os decodifica e os traduz em linguagem escrita ou falada com 40% de acerto, e estão só no começo das pesquisas (DeWave é o nome do dispositivo). Uma pesquisa realizada por cientistas americanos comprovou que algumas inteligências artificiais do nível Fraco têm maior capacidade de articulação e convencimento do que uma pessoa de nível intelectual mediano. Agora, imagine só uma IA Forte. Seria aquela onipresença ganhando terreno?
Numa conferência que participei recentemente, uma pessoa levantou o seguinte questionamento: “Se os dispositivos estão ficando cada vez mais onipresentes e praticamente vão ler nossos pensamentos um dia, deveremos então nos preocuparmos com o que vamos pensar?” É justamente esse ponto que discorro aqui. Sobre a necessidade iminente de passarmos para um novo nível intelectual/mental, seja de forma natural, orgânica ou planejada e sistematizada.Talvez seja o momento desse upgrade.
Por isso e por outros sinais que as tecnologias nos mostram a cada dia, é que devemos compreender seu potencial e não entrar num embate direto contra elas. Mesmo que regulamentações ou até mesmo impedimento de seu avanço sejam praticados, sabemos bem que é muito difícil que elas deixem de evoluir, seja por qual motivo for, ganância, poder, guerra etc.
*Cássio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos
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