Opinião

O totalitarismo ideológico

"Alerta de spoiler: Você não vai ver nenhuma menção sobre esse tema nas mídias tradicionais brasileiras"
Da Redação
14/02/2025 às 16h01
Imagem produzida por MetaIA, com prompt do autor do artigo Imagem produzida por MetaIA, com prompt do autor do artigo

Por Cassio Betine

 

Na troca de posse do governo americano (Biden-Trump, 2025), a agência governamental USAID - United States Agency for International Development, ou Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, está sob a mira de uma auditoria para identificar a aplicação de centenas de milhares de dólares destinados à causas humanitárias internacionais.

 

Esses recursos, segundo os enunciados dentro do próprio site da USAID, teriam como missão “fornecer ajuda humanitária e promover o desenvolvimento econômico e social em países em desenvolvimento que atuam em áreas como saúde, educação, segurança alimentar, água potável e apoio a desastres naturais”. Mas o que veio (e está vindo) à tona são evidências de que esses recursos estão sendo enviados para outros destinos, que fogem da finalidade original.

 

Nas apurações preliminares (e bem estampadas à olhos nus), os dólares dos pagadores de impostos americanos premiavam ONGs, mídias, jornalistas independentes e influenciadores internacionais de espectro político e ideológico parciais, o que poderia interferir na soberania, autonomia e independência dos outros países - condição esta que contraria leis de relações entre países signatários de tratados sobre o tema.

 

As evidências levaram a “nova direção” americana (governo Trump) a solicitar relatórios para os diretores da agência, os quais se negaram a entregar, desdobrando na suspensão e afastamento imediato de praticamente a agência toda. Imagine só você dar dinheiro para seu filho e ele não querer falar para que usou? É mais ou menos isso. Bom, deu no que deu, e agora uma auditoria pesada está sendo realizada nesta agência, assim como, possivelmente se estenderá a todos os beneficiados que receberam dinheiro (follow the money).

 

Ocorre que no estágio atual, várias ONGs, Mídias e Jornalistas ao redor do mundo já apareceram na superfície dessa lama. E o Brasil está nesse meio.

 

O Instituto Felipe Neto, a agência Alma Preta de notícias e comunicação, especializada na temática étnico-racial no Brasil e o Sleeping Giants Brasil, receberam milhares de dólares da ICFJ (Centro Internacional de Jornalistas) para projetos de combate à desinformação, que foram financiados pela USAID. Inclusive há um vídeo disponível na rede, que mostra o ministro Barroso, da suprema corte brasileira, participando de uma conferência sobre “desordem informacional”, onde na tela consta a logomarca da USAID. 

 

A questão aqui não é o fato da defesa de certo tipo de causa ideológica em si, mas sim utilizar instituições governamentais para isso. Aparentemente, todo esforço e financiamento da agência é voltado para padronização da informação, usando linguagem e narrativas uníssonas para validar ideias, conceitos ou crenças, como por exemplo, chamadas de jornais do tipo “Homem é morto por policial”, o que pode levar o leitor a entender que todo policial mata pessoas inocentes, quando na verdade o fato possa ter acontecido numa troca de tiros entre a polícia e criminosos; ou “Criança negra morre com bala perdida”, levando ao entendimento que crianças negras morrem propositalmente por “bala perdida”; ainda “Homosexual é hostilizado por empresário”, sugerindo que a classe de empresários é homofóbica.

 

Outras expressões e pautas amplamente difundidas em massa, como um jogral entre jornais televisivos e influenciadores beneficiados pelos recursos da agência constam as frases “Desqualificar, criticar medidas públicas é crime” e “Isso é um ataque às instituições governamentais”, onde a crítica não é crime algum e ataque não é apenas uma crítica. E claro, a famigerada Fake News, que é usada para definir tudo o que acham que não é verídico. Ainda, essa expressão nem mesmo é tipificada nas leis penais brasileiras.

 

Esse tipo de narrativa, apoiada e financiada por um sistema globalista, que defende uma única bandeira partidária e ideológica, é chamada pelos seus membros de “defesa da democracia”. Dedicam esforços para impor sua visão de mundo, coibindo a visão e expressão do outro.

 

Essa é a discussão que está acontecendo no momento. E quem está “defendendo a democracia” não quer que você ouça nada além disso. Prova disso são os esforços de alguns grupos em regulamentar o uso da internet, principalmente as redes sociais. E, caso considere isso uma pauta importante, já há uma lei que prevê penas para calúnia, injúria e difamação. Basta ser aplicada.

 

Mas o que esses grupos defendem não é a aplicação da lei, da responsabilização individual, e sim a proibição de que qualquer tipo de expressão, palavras ou opiniões que não sejam o que eles consideram verdadeiras. Isso tem nome: totalitarismo. E é disso que estamos falando.

 

*Cassio Betine é pós-graduado em Tecnologias na Aprendizagem, bacharel em Artes Visuais e Desenho Industrial. É coordenador e mentor de negócios e eventos; autor de livros, artigos e produtor de podcasts periódicos sobre Tecnologia e Inovação para mais de 70 rádios do Brasil. É fundador e coordenador de projetos da f7digitall Comunicação e empreendedor em outros negócios.

 

** Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

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