Nanotecnologia - mais presente do que nunca

Por Cassio Betine

Essa ciência, que manipula materiais em uma escala muito (muito) pequena - coisa que não podemos ver a olho nu, está transformando diversos setores da sociedade com suas aplicações inovadoras e resultados de impressionar, sem que nós nem percebamos. Mas não porque é algo invisível ou microscópico, porque é velada e geralmente está embarcada em dispositivos, alimentos, medicamentos, etc.

O negócio está tão avançado que já existem nanorrobôs trabalhando atualmente. E um dos robozinhos mais sofisticados do mundo foi feito de DNA e desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Harvard, que além de microscópico é também orgânico (ou seja, tem vida).

Ele é capaz de navegar dentro do corpo humano para entregar medicamentos em células específicas, realizar diagnósticos precisos de doenças, fazer reparações em tecidos vasculares e até remover toxinas nocivas ao corpo. Isso já existe e está em uso.

Esse tipo de inovação é transformadora, permite tratamentos mais eficazes e menos invasivos (como procedimentos cirúrgicos de alto risco) e injeção de medicamentos que ocasionam efeitos colaterais graves (como é o caso da quimioterapia, por exemplo). 

Mas não é só na medicina que essa tecnologia vem sendo utilizada. Na indústria eletrônica, por exemplo, ela está possibilitando a criação de produtos de carbono que estão prestes a substituir o silício na fabricação de microchips, resultando em dispositivos eletrônicos extremamente pequenos, leves e com maior capacidade de processamento.

E isso está resultando no desenvolvimento de novos dispositivos que usamos no cotidiano, como smartphones, computadores e outros tantos tipos de equipamentos eletrônicos, fazendo com que sejam cada vez mais compactos. 

O setor energético também se beneficia com isso. Nanomateriais estão sendo utilizados para criar baterias mais duráveis e eficientes, bem como paineis solares com maior capacidade de conversão de energia. E além de mais eficaz, contribuem também para a produção de energia limpa e sustentável.

No campo ambiental, a nanotecnologia está sendo muito importante. Um exemplo notável está aqui mesmo no Brasil, na USP (Universidade de São Paulo), que desenvolveu nanopartículas magnéticas funcionalizadas para remover microplásticos da água.

Essas nanopartículas se ligam aos poluentes e são removidas da água com a aplicação de um campo magnético. Um polímero específico imita as propriedades adesivas de moluscos marinhos, permitindo que as nanopartículas capturem os fragmentos de plástico presentes na água. Tudo graças a essas estruturas microscópicas “inteligentes”.

A indústria alimentícia também está se beneficiando com elas. Estão sendo usadas para criar embalagens inteligentes que detectam a deterioração dos alimentos e prolongam sua vida útil, ademais, são adicionadas a suplementos alimentares para melhorar a absorção de nutrientes pelo organismo, promovendo uma alimentação mais saudável.

No setor têxtil, a nanotecnologia desenvolve tecidos com propriedades avançadas, como resistência a manchas, autolimpeza e impermeabilidade. Esses tecidos são aplicados em roupas, calçados e equipamentos esportivos, proporcionando maior conforto e durabilidade aos consumidores.

Na área de defesa, é aplicada para criar materiais mais leves e resistentes para uso em equipamentos militares. Por exemplo, o grafeno, um material derivado do carbono, é mais duro que o aço e mais leve que o alumínio, tornando-o ideal para a fabricação de coletes à prova de balas e outros equipamentos de proteção.

Como podemos perceber, os desdobramentos reais da nanotecnologia podem ser impressionantes e impactam em todas as áreas. Na verdade, parece mesmo que essa tecnologia será, possivelmente, onipresente no universo. Minúsculos objetos agindo nas coisas de forma silenciosa e potente. 

*Cassio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.