Por Cassio Betine
Quando um novo tipo de produto inovador chega ao mercado da construção, a aderência ao seu uso é lenta. Profissionais acostumados com produtos convencionais demoram a aceitar e até, em muitos casos, rejeitam - mesmo que o produto seja bom. É natural do ser humano. Mas um processo revolucionário está surgindo nesse ramo que pode atropelar qualquer tipo de, digamos, rejeição. A construção de casas 3D. Isso já existe e há casos de casas serem construídas em apenas 12 horas.
Antes vista como uma tecnologia meio futurista, até mesmo de filme de ficção científica, hoje já é uma realidade em diversos países e está transformando a forma como pensamos em moradia. Empresas inovadoras como ICON, COBOD e Winsun estão à frente dessa revolução, mostrando que construir uma casa não precisa mais levar meses e exigir grandes equipes.
Um dos principais benefícios da impressão 3D na construção é a rapidez. Enquanto uma casa tradicional pode levar semanas ou meses para ser finalizada, uma casa impressa em 3D pode ser construída em menos de 48 horas. Isso reduz drasticamente os custos com mão de obra e acelera a entrega de moradias acessíveis para populações carentes.
Outro grande impacto positivo está na sustentabilidade. A impressão 3D reduz significativamente o desperdício de materiais, eliminando cortes desnecessários e o descarte de sobras. Além disso, algumas empresas, como a COBOD, já incorporam materiais reciclados e misturas de concreto mais ecológicas, contribuindo para a redução da pegada de carbono.
A customização também é um grande atrativo. Diferente da construção tradicional, que depende de moldes padronizados, a impressão 3D permite criar designs inovadores e personalizados sem aumentar os custos. Casas com curvas, estruturas orgânicas e até mesmo decorações internas podem ser impressas com precisão.
O projeto Wolf Ranch, da ICON em parceria com a construtora Lennar, nos Estados Unidos, é um dos maiores bairros do mundo com casas impressas em 3D. Cada residência é feita com Lavacrete, um tipo de concreto desenvolvido especificamente para essa tecnologia, resistente às intempéries e pragas.
No Chile, um projeto piloto entregou casas impressas em menos de 30 horas, mostrando o potencial dessa tecnologia para países que enfrentam desafios habitacionais. Já no Quênia, moradias acessíveis foram construídas em tempo recorde para comunidades carentes.
Além da Terra, a NASA também aposta firmemente na impressão 3D para construir bases na Lua e em Marte, utilizando materiais encontrados no próprio solo lunar, eliminando a necessidade de transporte de concreto da Terra.
Num vídeo que assisti, robôs gigantescos fazem o trabalho de centenas de operários. Isso já demonstra que a mão de obra possivelmente vai trocar de lugar. Talvez as mãos calejadas comecem a operar computadores ou outras máquinas potentes.
À medida que mais empresas investem em pesquisa e aprimoramento de materiais, como a CEMEX e sua mistura sustentável de concreto, a impressão 3D na construção avança para um futuro ainda mais promissor. Somado a isso, o desenvolvimento de novos componentes inovadores — que elevam a durabilidade, flexibilidade, isolamento térmico e acústico — está transformando radicalmente o conceito de moradia. Com tantas possibilidades, as casas do futuro serão muito mais eficientes, adaptáveis e personalizadas do que jamais imaginamos.
Se antes a impressão de casas era vista como uma tendência distante, hoje ela já está moldando o presente da arquitetura e da engenharia civil. Creio que estamos prestes a testemunhar um mundo onde casas podem ser construídas com simples cliques. Será que, no futuro, encomendar uma casa impressa será tão fácil quanto pedir um carro em um aplicativo? Vai saber.
A revolução taí e me pergunto se isso está chegando nas grades dos cursos das universidades brasileiras? Fica a dica aí para as instituições.
*Cassio Betine é head do ecossistema regional de startups, coordenador de meetups tecnológicos regionais, coordenador e mentor de Startup Weekend e pilot do Walking Together. Cássio é autor do podcast Drops Tecnológicos
**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação