Por Heloísa Helena Silva Pancotti
Você recebe um telefone ou um contato pelo WhatsApp, a foto é do seu advogado ou o símbolo é de um escritório que você conhece. O número é outro, mas o contato já inicia com informações sobre um processo judicial, com promessa de liberação de valores e tudo o que você tem a fazer é pagar uma guia, fazer uma transferência de valor ou até mesmo, mandar um pix.
Essa história te parece familiar? Saiba que muitas pessoas estão perdendo dinheiro com o golpe do falso advogado. Todos os advogados de todas as cidades do Brasil estão enfrentando imensa dificuldade em combater as fraudes e instruir os seus clientes sobre o que fazer nesses casos para não cair em golpe.
A Ordem dos Advogados do Brasil tem se empenhado, com a ajuda de profissionais de todo o país, numa força tarefa que pretende identificar os golpistas, mas até agora, a única arma eficaz é a comunicação franca e direta entre cliente e advogado.
As principais maneiras de se prevenir são:
- Se receber o contato, não passe informações pessoais. Desligue o telefone e procure se comunicar com seu advogado ou advogada pessoalmente e pelos contatos que você sempre usa. Não confie em emails e números de telefone diferentes, mesmo que a foto ou o símbolo do escritório seja conhecida.
- Se receber documentos, decisões judiciais ou guias para pagamento, nunca responda. Encaminhe o documento ao advogado (a) pelos meios de costume e solicite uma informação, se possível, num encontro pessoal. Os golpistas sempre enviam documentos falsificados, mas só o seu advogado (a) é capaz de identificar as falsificações.
- Se o contato pedir adiantamento de valores, nunca faça a transferência. Antes de qualquer coisa, fale com o seu profissional de confiança, pelos contatos de costume.
Normalmente, os golpistas dizem que os adiantamentos precisam ser feitos em pouco tempo e alegam que estão indisponíveis para o contato pessoal, sempre dizem que estão em reunião e que não podem atender o telefone. Nesse caso, não tenha pressa. Antes de mais nada, fale com o seu advogado (a) sobre isso.
Até mesmo os assistidos pela defensoria tem sido vítimas desse tipo de golpe. Na dúvida, nunca efetue envio de valores ou pagamento de guias. Os assistidos são isentos de custas e despesas processuais e não pagam honorários pelo atendimento. Desconfie sempre.
O melhor caminho é sempre uma comunicação franca e aberta com seu advogado (a). As facilidades do mundo da internet, como acessar o seu processo à partir de um dispositivo, o processo virtual, são contribuições e avanços inegáveis, mas podem tornar as pessoas muito vulneráveis a golpes, justamente porque as informações são públicas e acessíveis.
Os tribunais têm feito aprimoramentos, como o acesso por autenticação de dois fatores, dentre outros, para evitar que pessoas possam acessar indevidamente o processos de terceiros, mas a solução parece ainda muito distante.
Enquanto isso, a prevenção é ainda o melhor remédio. Na dúvida, desconfie desses contatos e marque uma conversa com o seu profissional de confiança.
*Heloísa Helena Silva Pancotti é advogada, consultora jurídica, professora e autora da obra “Previdência Social e transgêneros”
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