Por Renan Silva Salviano
A princípio, inicialmente ou precedendo, pensemos e questionemos a função da linguagem na estruturação das nossas subjetividades, em especial no que diz respeito ao poder que temos e como nos foram atribuídos tais poderes. Passando por esse caminho, quanto às nossas concepções filosóficas e ou ideológicas, é mister observar os contextos sociais do prisma dos privilégios, herdados ou adquiridos.
Quando se trata de herdar, também é imprescindível questionar e compreender que em um dado momento da história esses privilégios foram adquiridos, sob a falsa lógica, ou seja, sob a falácia, da meritocracia, que, na verdade, escancaram aos que se dispuseram a letrar-se a lógica da expropriação e exploração dos meus e dos seus antepassados.
Como educador, sempre inicio minha jornada de transferência de conhecimento com a orientação quanto a necessidade de manutenção das relações alicerçadas na cultura dialógica. Momento em que exponho a importância de resgatar o sentimento de indagação quanto às estruturas institucionais que nos moldam, fazendo com que deixemos de ser críticos e reflexivos, servindo apenas ao sistema de produção de riquezas e baixa distribuição dela.
Ao nos depararmos com tais situações, que demandam questionamentos e um despertar de consciência, vemos uma disputa territorial, em especial num ambiente abstrato, como é o da world enter Business (web), ou seja, da internet, em que a disseminação de informações falsas, as ditas fake news, são utilizadas para fundamentar ataques profundos aos direitos humanos, a vida e dignidade de pessoas com marcadores sociais das diferenças que as fazem vítimas de inúmeras discriminações.
O que mexe com nossa crença, aqui a é crença em sentido lato, ou lato senso (amplo sentido), provoca nossa ira, desperta nossos demônios e, indo ao encontro do nosso viés inconsciente e do viés de confirmação. Nesse momento deixo uma charge, do cartunista argentino Daniel Paz, para aprofundamento reflexivo, que viralizou (olha lá a expressão contemporânea de nossa linguagem informacional e informal) e denota um problema que transcende fronteiras e culturas, são universais - as fake news, assim como os Direitos Humanos.
Para concluir, caro leitor, se chegou até aqui deve ser movido pelo sentimento de curiosidade de análise das perspectivas dissonantes, ou até mesmo estar em busca de uma esperança para tempos tão difíceis. Temos, aqui temos fôlego e utopia para nos movimentar, pois ela nos trouxe até aqui e vai continuar nos movendo em direção a um cenário político onde a justiça social seja pauta intrinsecamente ligada ao discurso de defesa dos Direitos Humanos. Vamos viralizar, com nosso discurso em busca na coerência, pois consciência temos.
Convergimos, mais do que você presume.
Renan Silva Salviano é advogado (membro efetivo regional da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB SP), professor de história e geografia, da Educação Antirracista e especialista em Educação em Direitos Humanos pela UFABC (Universidade Federal do ABC)
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