Opinião

Adoção: histórias que se encontram!

"A adoção é um encontro de histórias e os adultos precisam estar preparados para o que vem depois que o processo encerra, como eu digo: quando a cortina fecha é com vocês!"
Da Redação
25/05/2024 às 08h59
Foto: Reprodução Foto: Reprodução

Por Graciela A. Franco Ortiz

 

No dia 25 de maio é comemorado o Dia Nacional da Adoção e este é um tema que vem sempre acompanhado por muitas discussões. Normalmente quando falamos em Adoção, as primeiras frases que ouvimos são: Adoção é um ato de amor, demora muito, é muito burocrático; diante disso, meu convite aqui é para refletirmos sobre alguns pontos.

 

Primeiro: precisamos ter claro que a adoção é um ato jurídico! E isso significa que é a partir de uma lei e de uma decisão judicial que uma pessoa ou duas pessoas se tornam pai/s ou mãe/s de uma criança e/ou adolescente. Isso implica a participação do Estado e de seus agentes, na construção dessa nova formação familiar, ou seja, não dá para adotar sem passar pelo crivo do Estado, aqui representado principalmente pelo Judiciário.

 

E por que isso? É para garantir que aquela criança, aquele adolescente que tem direito a uma nova família tenha seus direitos preservados. Direito de ser aceito, ser respeitado, de se desenvolver em um ambiente sem violência, com atendimento de suas necessidades básicas (de saúde, educação, lazer, cultura, entre outros). Essa criança, esse adolescente está sob tutela do Estado e este tem o dever de garantir sua proteção.

 

É importante ter em mente que nenhum profissional tem como prever como os futuros pais exercerão esses deveres, mas o Estado tem que fazer tudo o que tiver ao seu alcance para garantir que essa criança e esse adolescente sejam protegidos, por isso criou vários dispositivos legais e contratou vários profissionais para trabalhar com este objetivo. Então essa ‘demora’, essa ‘burocracia’ é protetiva!

 

Ah! Mas se eu tivesse um filho biológico eu não precisaria de curso! Acredite, deveria precisar! Eu sempre digo isso nos cursos que ministro para pessoas que estão em processo de cadastro: Todo adulto que deseja ser pai e/ou mãe deveria sim estudar, conhecer sobre desenvolvimento infantil e se preparar para educar e cuidar de outro ser humano, pois não há tarefa mais difícil e desafiadora (e gratificante também).

 

E no caso de ser mãe e pai por adoção tem que estudar um pouco mais, e sabe por quê? Porque esse filho, essa filha ou filhos (as) iniciam a história deles sem a gente. A adoção é um encontro de histórias e os adultos precisam estar preparados para o que vem depois que o processo encerra, como eu digo: quando a cortina fecha é com vocês!

 

Principalmente quando pensamos na realidade das crianças e adolescentes que hoje têm direito a viver em uma família que não é a sua de origem: são crianças grandes, são adolescentes que buscam ser aceitos, são grupos de irmãos que só têm a eles, são crianças com deficiências variadas, são crianças acometidas por doenças. São quase 5 mil crianças e adolescentes que têm a sua história marcada pela violência, abandono, rejeição, mas também que têm sonhos, desejos e muitas potencialidades.

 

E essas histórias não são tão simples de aceitar, de se ver somada às nossas, de encarar que é com essa história que teremos que lidar (atualmente existem mais de 36 mil pretendentes aptos à adotar); olhar a adoção na perspectiva da criança e do adolescente real, que esta à espera de uma família, muitas vezes não se encaixa no sonho de paternidade e maternidade de muitos que a pretendem, e isso é desafiador e as vezes frustrante.

 

Assim, as vezes quando referimos que a Adoção é um ato de amar alguém, nos referimos a amar alguém parecido conosco, por isso o desejo por uma criança com características próximas às nossas; é amar alguém que não nasceu de mim, mas nasceu para mim, por isso, quero um recém-nascido, ou uma criança de até 3 anos; é demorado, porque eu tenho pressa, porque o sonho era ser mãe, ser pai até os 30, até os 40 anos. Está tudo bem olharmos para os nossos sonhos e nossos desejos, mas precisamos entender que o direito à adoção, ou seja, o direito do adulto em ser pai e/ou mãe pela via da adoção vem para atender o direito da criança e do adolescente em ter uma família, e não o contrário.

 

Então se você deseja ser pai e/ou mãe, comece a estudar, busque conhecimento; se deseja ser pai e/ou mãe pela via da adoção, junto a isso, busque a Vara da Infância e Juventude da sua Comarca, é lá que você receberá as informações e orientações que precisa, o processo é gratuito e não requer advogado. 

 

Graciela A. Franco Ortiz
Assistente social com 18 anos de experiência no Judiciário. Possui especialização em docência e em Serviço Social; atuou como professora no curso de Serviço Social por 9 anos. Atualmente cursa Pedagogia e Orientação Parental.

 

**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação.

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