Por Cassio Betine
Também chamados de Zoomers, as pessoas da geração Z são aquelas nascidas entre 1995 e 2010. Atualmente são aqueles que têm idade entre 15 e 30 anos. São nativos digitais, possivelmente não têm ideia de como um telefone analógico ou um toca-discos funcionam e se estivessem frente a frente com uma máquina de datilografia, talvez perguntariam onde é o botão de ligar. Mas tem outra coisa que eles também não conhecem - a bricolagem.
A palavra “bricolagem” vem do termo francês bricolage, que significa “faça você mesmo” e se refere a trabalhos manuais feitos de forma improvisada, sem a necessidade de um profissional. Tais como, instalar um chuveiro, trocar lâmpadas, trocar pneu de um carro, consertar uma maçaneta etc.
Um estudo recente, realizado por uma empresa inglesa do ramo de varejo de automóveis, teve como objetivo conhecer melhor esse tipo de público consumidor. Para isso, foi realizada uma pesquisa para identificar seus hábitos e comportamentos. O resultado foi, no mínimo, surpreendente.
O estudo mostrou que esse pessoal prefere deixar essas tarefas básicas para profissionais especializados executarem, pois acreditam que podem ser perigosas. No relatório, os jovens admitiram que não podiam trocar uma lâmpada de teto, sendo que 20% deles disseram que subir uma escada pode ser "muito perigoso". A pesquisa da Halfords, empresa responsável pela pesquisa, revelou que esse grupo está gastando até £1.300 por ano para que outras pessoas realizem esse tipo de tarefa básica para eles. Em reais, isso equivale a aproximadamente R$ 7.800 por ano, ou R$ 650 por mês.
Talvez isso explique por que esse tipo de serviço vem crescendo nos últimos anos. Aqui no Brasil, conhecemos esse tipo de atividade como “marido de aluguel”, que são aqueles profissionais que fazem de tudo, até mesmo pintar um pedaço de parede, instalar um ponto de lâmpada ou até mesmo pendurar um quadro.
O comportamento da geração Z vai além. Outros estudos analisam mais campos que também afetam essa geração diretamente. De acordo com declarações coletadas pelo Türkiye Today, um portal de notícias que oferece conteúdo exclusivo e atualizações sobre a Turquia e adjacências, professores de diferentes universidades chegaram à conclusão de que esses jovens se acostumaram tanto com o uso de teclados que acabaram perdendo a habilidade da escrita manual e, segundo especialistas, isso pode impactar na perda da caligrafia, que pode deixar sua escrita ininteligível.
Voltando à bricolagem, aproximadamente 30% dos entrevistados na pesquisa da Halfords não conseguiram identificar uma chave de fenda de cabeça chata (uma ferramenta comum, até mesmo entre leigos), e 21% não reconheceram uma chave inglesa. Quanto aos carros, quase metade deles não sabia como adicionar ar a um pneu (existe um vídeo na internet que mostra um desses jovens tentando encher o pneu com o extintor). Além disso, 44% deles disseram que pagariam um profissional para trocar uma simples lâmina de limpador de para-brisas.
Ao terem acesso a essa pesquisa, jovens em sua autodefesa justificaram que não fazem esse tipo de serviço por motivo de que a maioria deles não pode se dar ao luxo de possuir uma casa própria, e morando de aluguel não poderiam martelar sequer um prego na parede, pois poderia soar como algo punível pelo proprietário, então, não se arriscam a fazer o serviço. Será?
*Cassio Betine é pós-graduado em Tecnologias na Aprendizagem, bacharel em Artes Visuais e Desenho Industrial. É coordenador e mentor de negócios e eventos; autor de livros, artigos e produtor de podcasts periódicos sobre Tecnologia e Inovação para mais de 70 rádios do Brasil. É fundador e coordenador de projetos da f7digitall Comunicação e empreendedor em outros negócios.
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