Justiça & Cidadania

Justiça condena os primeiros 4 réus da ‘Operação Ligações Perigosas’

Foram denunciados na investigação realizada pelo Gaeco e são apontados como “gerentes do tráfico na Esquina Maluca”, no São José
Lázaro Jr.
23/04/2025 às 18h00
A Operação Ligações Perigosas foi deflagrada em setembro do ano passado (Foto: Lázaro Jr./Arquivo) A Operação Ligações Perigosas foi deflagrada em setembro do ano passado (Foto: Lázaro Jr./Arquivo)

A Justiça de Araçatuba (SP) condenou quatro réus da “Operação Ligações Perigosas”, deflagrada em conjunto em setembro do ano passado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especializada contra o Crime Organizado) do Ministério Público com a Polícia Civil.

 

Esses condenados foram investigados pelo Gaeco e são apontados como gerentes do tráfico de drogas na “Esquina Maluca”, localizada no bairro São José, conhecido pela histórico de violência e forte influência do tráfico de drogas e facções criminosas, segundo a Promotoria de Justiça.

 

Kennedy Wallace Marcos Pereira e Yago Silva Faria foram condenados a 10 anos, 1 mês e 6 dias de prisão cada. Já Felipe Rossi Vieira pegou 9 anos e 2 meses de prisão, enquanto a pena para João Victor da Silva Lima é de 9 anos, 11 meses e 10 dias de reclusão.

 

Foi determinado o regime fechado para início de cumprimento da pena e não foi concedido aos réus o direito de recorrer em liberdade. A reportagem apurou que o Ministério Público irá recorrer pelo aumento das penas.

 

Operação

 

A "Operação Ligações Perigosas" teve como objetivo o enfrentamento à organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de Araçatuba, com foco na infiltração da facção na política local, no tráfico de drogas e no esclarecimento de homicídios.

 

Na ocasião, foram expedidos 35 mandados de prisão temporária e 104 mandados de busca e apreensão pela 1ª e pela 2ª Varas Criminais de Araçatuba. Esses mandados foram cumpridos em 13 cidades do Estado de São Paulo e em do Mato Grosso do Sul. 

 

Também foram cumpridos mandados em dois estabelecimentos prisionais do Estado, de onde líderes da organização criminosa estariam enviando ordens para prática de crimes nas ruas de Araçatuba.

 

Réus

 

A investigação apontou que Kennedy praticaria o tráfico de drogas em larga escala e, em conjunto com comparsas, distribuía os entorpecentes, inclusive “Skank”. Ele seria um dos responsáveis pela gerência do ponto de drogas, administrando o negócio e prestando contas a um dos chefes do grupo criminoso.

 

João Victor, além do gerenciamento, seria quem organizava a contabilidade, repassando as informações sobre as vendas aos líderes. Ele também pagaria os olheiros e abasteceria os demais vendedores de drogas.

 

Yago auxiliaria na expansão do grupo, associando novos integrantes para comercializar entorpecentes e seria responsável pela venda de drogas de “alta qualidade”. Ele seria o responsável por receber e pagar pelos entorpecentes remetidos ao grupo criminoso.

 

Por fim, Felipe seria responsável por um dos pontos de drogas. A investigação apurou ainda, que os membros da “Esquina Maluca” aliciavam adolescentes para o tráfico de drogas.

 

Defesas

 

A reportagem apurou que a defesa de Kennedy requereu a absolvição ou a desclassificação dos crimes de organização criminosa e associação para o tráfico para o crime de participação em tráfico. Também pediu a atenuação da pena, em caso de condenação, em razão da confissão espontânea.

 

A defesa de João Víctor requereu o afastamento da organização criminosa e da imputação da posse de arma de fogo; o afastamento do reconhecimento da reincidência do réu; e a observação do princípio da eventualidade, em caso de condenação.

 

Já a defesa de Yago e Felipe pediu a substituição do crime de associação para o tráfico de drogas pelo crime de organização criminosa; o reconhecimento do concurso formal entre os crimes de organização criminosa e associação para o tráfico de drogas; e o reconhecimento da atenuante da confissão espontânea.

 

Condenação

 

Ao decidir pela condenação, a Justiça considerou que as provas apresentadas nos autos revelam a existência de uma estrutura criminosa organizada, estável e com divisão clara de tarefas, voltada ao tráfico de drogas e à manutenção do controle territorial no bairro São José.

 

“Tais elementos evidenciam não apenas o caráter estável e permanente da associação, mas também sua capacidade de articulação e domínio sobre o tráfico local, inclusive com divisão de comando para garantir a continuidade das atividades ilícitas”, consta na decisão.

 

Também foi levado em consideração que conversas interceptadas entre os acusados demonstram a violência da organização, inclusive com participação em conflitos armados, confirmando o emprego de armamento nas ações desenvolvidas por eles.

 

Outros processos

 

De acordo com o que foi apurado pela reportagem, está em fase de instrução o processo relacionado a outros réus investigados pelo Gaeco, também com pedido de condenação, mas não há previsão de sentença.

 

Há ainda o processo relacionado à investigação da Polícia Civil, que apura entre outras coisas, a locação de ônibus para levar pessoas de Araçatuba para Brasília, para participar de manifestação contra o fim da saída de presos em regime semiaberto.

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