Justiça & Cidadania

Cleudson é denunciado mais uma vez por tentativa de lavagem de dinheiro

Ele e outro condenado na Raio-X são acusados de tentar comprar uma fazenda por R$ 5 milhões em Mato Grosso do Sul
Lázaro Jr.
18/02/2025 às 19h25
Denúncia apresentada pelo Gaeco de Araçatuba (Foto: Reprodução/Google) Denúncia apresentada pelo Gaeco de Araçatuba (Foto: Reprodução/Google)

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público em Araçatuba (SP) denunciou o médico anestesista Cleudson Garcia Montali por tentativa de lavagem de dinheiro. Pelo que foi apurado pela reportagem, a denúncia ainda não havia sido aceita pela Justiça de Birigui.

 

Ele e outro denunciado que também já foi condenado em processo anterior da Operação Raio-X, após investigação da Polícia Civil de Araçatuba, são acusados de tentar comprar uma fazenda em Mato Grosso do Sul, por pouco mais de R$ 5 milhões, com dinheiro que seria desviado da Saúde, negócio que não teria sido concretizado em função das prisões deles durante a operação.

 

Segundo o que foi apurado pela reportagem, a propriedade, em Aparecida do Taboado, fica ao lado da fazenda Três Rios, que havia sido adquirida por Cleudson por cerca de R$ 7 milhões e que foi bloqueada pela Justiça de Birigui durante a deflagração da Operação Raio-X, que teve os mandados de busca e apreensão cumpridos em 29 de setembro de 2020.

 

Esse novo imóvel havia sido adquirido por R$ 5.030.000,00 por uma empresa de propriedade de Luciano Colicchio Fernandes, que foi alvo de cumprimento de mandado de prisão durante a operação. Na ocasião também haviam sido adquiridas 71 cabeças de gado por mais R$ 120.000,00. Esses animais já estavam na fazenda.

 

A negociação previa que as chaves seriam entregues no dia 30 de setembro de 2020, ou seja, um dia após a deflagração da Operação Raio-X. Como o pagamento não foi feito, o proprietário decidiu desfazer o negócio.

 

Frustrada

 

Ao apresentar a denúncia contra os investigados, os promotores de Justiça Rodrigo Gonçalves e João Paulo Serra Dantas consideraram que a lavagem de dinheiro por meio da compra da fazenda só não se consumou justamente devido à deflagração da Raio-X.

 

Conforme já amplamente divulgado, Cleudson é acusado de chefiar uma organização criminosa especializada no desvio de dinheiro público da área da Saúde, por meio de contratos de gestão com municípios e governos estaduais, utilizando OSSs (Organizações Sociais de Saúde).

 

Ele foi condenado a 96 anos de prisão por 225 crimes de peculato referentes a processo da Raio-X que tramitou na Justiça de Birigui, e a mais 88 anos por 106 peculatos praticados no contrato da Santa Casa de Misericórdia de Birigui com o pronto-socorro de Penápolis, que tramitou na Justiça de Penápolis. Nesse caso, a condenação foi mantida em segunda instância pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

 

Já Fernandes foi condenado a 7 anos, 10 meses e 15 dias de prisão no processo da Raio-X que tramitou na Justiça de Birigui, acusado de integrar o núcleo empresarial do grupo criminoso. Ele seria sócio administrador de uma das empresas que celebrou contratos com as OSSs comandadas por Cleudson e que também serviria como meio para adquirir bens utilizando recursos públicos, como a fazenda em Mato Grosso do Sul, auxiliando na dissimulação da origem ilícita do dinheiro.

 

Perdimento

 

Na sentença que condenou Cleudson a 96 anos de prisão, a Justiça de Birigui decretou o perdimento da fazenda Três Rios, localizada ao lado da que é alvo da nova denúncia, e de cerca de 500 cabeças de gado que havia na propriedade, adquirida por outra empresa que mantinha contrato com as OSSs investigadas.

 

Defesa

 

O advogado James Alberto Servelatti, que representa Dr. Cleudson em outros processos, esclareceu que, neste caso específico, ainda não foi formalmente constituído para a defesa. Diante disso, e em respeito ao devido processo legal e às prerrogativas da advocacia, considerou mais adequado, neste momento, não se manifestar sobre a denúncia.

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