A superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá, apresentou na Alesp detalhes do projeto de um curso que irá integrar formação técnica de nível médio e formação tecnológica de nível superior - o que irá garantir aos estudantes as duas formações. Ela também anunciou o lançamento de novos planos de carreira, cargos e salários para os servidores da entidade.
Laganá foi ouvida pelos parlamentares da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação na tarde desta quarta-feira (25), conforme prevê a Constituição Estadual, para prestar constas dos trabalhos desenvolvidos.
Na reunião, ela admitiu, ainda, que a autarquia responsável pelo ensino profissionalizante no Estado tem dificuldades para contratar docentes. "Temos muita dificuldade nisso, porque nosso salário inicial é muito baixo em comparação com o mercado", relata.
A superintendente conta que, em áreas como tecnologia da informação (TI) e automação, é muito difícil competir com salários oferecidos na indústria. "Se perguntarem qual é o impedimento para expandir a educação profissional, é esse", completa.
É para resolver o problema, que a instituição está elaborando e deve apresentar em breve um novo plano de cargos e salários, com um salário inicial mais próximo do que é oferecido pela Secretaria de Educação.
Além disso, a entidade pretende realizar concursos públicos para contratação de servidores docentes e administrativos e lançar um novo plano de carreira para os servidores docentes e administrativos. Nesse novo plano, os professores terão a possibilidade de aderir ao regime de jornada de trabalho, substituindo o atual regime de recebimento por horas.
"Vamos viabilizar, gradativamente, para os professores que queiram, porque sabemos que quando implantarmos a jornada, a gente reduz a carga horária do professor, vamos precisar de mais professores e corremos o risco de não conseguir atender os nossos alunos", explicou Laura.
'Projeto inovador'
Além das melhorias prometidas aos servidores, a superintendente do Centro Paula Souza deu detalhes sobre o projeto AMS (Articulação Médio-Superior), o 'grande projeto' da autarquia atualmente. Chamado por ela de 'inovador', o AMS é um curso verticalizado, de cinco anos de duração e que dá ao aluno formação de ensino médio técnico e superior tecnológico.
"Analisamos as propostas curriculares e percebemos que muitos conteúdos do técnico eram também ministrados no tecnológico. Com essa proposta verticalizada, tiramos esse sombreamento", contou.
O único requisito para a implementação do novo curso é ter uma empresa parceira, que auxilie em seu currículo. A companhia será responsável por ministrar 200 horas de conteúdo aos alunos, por meio de mentorias, visitas ou formação dentro da corporação. O projeto já está em funcionamento em 30 Fatecs pelo Estado e o objetivo é ampliá-lo para toda a instituição.
Laura ainda explicou que o ensino médio técnico e o superior sempre serão do mesmo eixo tecnológico e, se possível, no mesmo município. "Se existe em uma cidade o curso superior do agronegócio e o ensino técnico do agronegócio, vamos integrar e esse aluno vai sair com uma super formação", explicou.
Outras melhorias
Durante o encontro, a superintendente ainda citou que irá ampliar os investimentos na transformação digital dos cursos, na acessibilidade para pessoas com deficiência e no atendimento psicológico aos alunos das Etecs e Fatecs do Estado.
Além disso, foi questionada pelo deputado Leonardo Siqueira (Novo) sobre projetos de permanência estudantil. "A evasão escolar é um grande problema. Se o aluno sequer está indo para a escola, nem adianta discutir sobre nível ou qualidade do ensino. Não adianta o ensino ser gratuito e o aluno não ter dinheiro para se manter indo na escola ou faculdade. Aí ele opta por outras atividades, porque ele tem que sobreviver", comentou o parlamentar.
Em resposta, ela afirmou que essa é uma de suas preocupações e já pediu a diferentes governos que os alunos do Centro Paula Souza recebam um auxílio, assim como existe nas universidades estaduais.
"A evasão maior é nas Fatecs e isso acontece muito pela falta de apoio. São pessoas mais velhas, que sustentam sua família. Eu gostaria que nós pudéssemos ajudar os nossos alunos e não tenho dúvidas que isso diminuiria a evasão, porque o perfil do nosso aluno é o de renda familiar baixa", defendeu Laura.
Centro Paula Souza
O Centro Paula Souza é uma autarquia ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo que é responsável pelo ensino profissional no Estado. Isso significa que ela gerencia as 228 Etecs e 77 Fatecs que existem em São Paulo.
Além do ensino médio integrado ao ensino técnico e dos cursos de ensino superior tecnológico, o Paula Souza é contratado por outras secretarias e autarquias do Estado para a realização de cursos rápidos profissionalizantes, voltados normalmente para a população desempregada.
Atualmente, a autarquia atende 363 municípios do Estado e possui mais de 16 mil professores e 5 mil servidores administrativos. Segundo Laganá, a entidade firma parcerias com grandes empresas que auxiliam na formação de cursos e de currículos que se adequem às necessidades das companhias. Com isso, os alunos possuem uma boa taxa de empregabilidade.
"Essa é a nossa missão: apoiar o setor produtivo e o setor econômico do nosso Estado", disse Laura Laganá, que é a superintendente da entidade há quase 20 anos. Esses dados foram apresentados por ela durante sua explanação ao colegiado da Alesp. (João Pedro Barreto)