Um adolescente de 16 anos atendido pelo Caps-IJ (Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil) de Araçatuba começou a aprender a ler e escrever com o apoio da artesã Edna Pereira Araújo, que atua nas oficinas oferecidas pela unidade.
Identificado pelas iniciais J.C., o jovem chegou ao serviço sem saber ler nem escrever. Durante o período em que frequentou a escola, enfrentava dificuldades de aprendizagem e sofria bullying por parte dos colegas. A situação o levou a abandonar os estudos. Atualmente, ele aguarda uma avaliação específica sobre seu déficit de aprendizagem, necessária para que possa retornar ao ambiente escolar.
Aulas voluntárias
Enquanto isso, ele participa das atividades oferecidas pelo Caps-IJ, entre elas uma oficina com trabalhos manuais conduzida por Edna, que identificou a vontade do adolescente de se alfabetizar. Sensibilizada com o caso, ela decidiu dar início a aulas voluntárias e informais, respeitando o ritmo e os limites do jovem.
“Eu sou uma pessoa que gosta de ajudar. Então, um dia ouvi dizer que ele tinha muita vontade de escrever, aprender a ler, porque ele não sabia. Achei que poderia pegar um caderno e oferecer para ele. Nada que seja forçado, mas dentro do contexto do que ele tem vontade”, afirmou Edna.
As aulas começaram no dia 15 de maio. Segundo a artesã, no início o adolescente se mostrava tímido, ainda enfrentando as marcas do abandono escolar e das experiências negativas vividas na escola. A relação de confiança entre ele e a instrutora foi fundamental para o progresso no processo de alfabetização.
“A confiança que ele tem em mim ajudou nesse processo de aprendizagem. Até porque ele vem das escolas, onde era ofendido pelos outros alunos. Não sou professora, não sou pedagoga. O meu interesse é realmente em fazer algo diferente para as pessoas, para cada criança que entra aqui e que possui uma necessidade”, explicou.
Impacto na autoestima
Com paciência, Edna ensina as vogais uma a uma, orientando o traçado das letras com o dedo, explicando o espaçamento entre as palavras e celebrando cada avanço do aluno como uma grande conquista. Mais do que aprender a ler e escrever, ela acredita que o adolescente está resgatando a autoestima.“Hoje, ele está mais bonito, mais arrumado, mais confiante. Ele entendeu que é importante”, disse Edna.
Inspirada pelo trabalho no Caps-IJ, Edna iniciou recentemente o curso de graduação em Terapia Ocupacional. “Mesmo sem ter formação, decidi começar. Quero ser útil de verdade para essas pessoas. É isso que me move”, completou.