A secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística Natália Resende, afirmou durante visita a Buritama nesta segunda-feira (21), que o transporte hidroviário é prioridade da atual gestão. Ele esteve na cidade para acompanhar a primeira detonação de rochas para ampliação do canal de navegação de Nova Avanhandava, no trecho da Hidrovia Tietê-Paraná.
Segundo a secretária, a obra evidencia o caráter sustentável das hidrovias. “ Além de obtermos resultados importantes para o meio ambiente, é um eixo fundamental para o escoamento de produtos e bens no Estado”, destacou em nota distribuída à imprensa.
A Pasta argumenta que ao transportar uma tonelada de carga no modal hidroviário com um litro de combustível, é possível percorrer uma distância três vezes maior do que pelo ferroviário. Se o comparativo for o modal ferroviário, a distância é nove vezes maior.
A utilização das hidrovias para o transporte também deve diminuir o número de veículos nas rodovias, proporcionando ganho significativo ao meio ambiente, contribuindo para a redução de mais de 20 milhões de toneladas de emissão de dióxido de carbono.
Obra
O processo de fragmentação da rocha por explosão na Hidrovia Tietê-Paraná estava paralisado desde 2019 e foi retomado em abril deste ano, após autorização do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que esteve em Buritama.
O investimento previsto é de R$ 300 milhões para a retirada de 552 mil metros cúbicos de rochas, trabalho que deve ser concluído no primeiro semestre de 2026. Quando o serviço for finalizado, as condições de navegabilidade na hidrovia estarão garantidas, mesmo em períodos de estiagem.
O serviço tem início em área de 24 metros quadrados, onde serão retirados cerca de 100 metros cúbicos de pedras. A expectativa é de que sejam removidos de 19 a 21 mil metros cúbicos de rocha por mês.
Empregos
Ainda de acordo com o que foi divulgado, a intervenção deve gerar mais de 1,4 mil empregos, beneficiando diretamente os municípios de Buritama, Brejo Alegre e Birigui.
O método escolhido é o uso de explosivo encartuchado (em invólucros como cartuchos), considerado o mais eficiente e rápido para o desmonte das rochas, principalmente as mais duras, como é o caso do basalto na região.
São usadas balsas para perfurações no leito do rio em uma área de 24 metros quadrados. Os explosivos são introduzidos nos furos por meio de um tubo guia, que fica com a extremidade para fora da água.
Controlada
A técnica de detonação combina ainda os cartuchos explosivos com um acessório (linha silenciosa) que diminui os efeitos da explosão subaquática, por conter o lançamento de fragmentos de rocha. A secretaria informa que para minimizar os riscos à fauna local, no entorno da área são ligadas cortinas de bolhas de ar geradas por mangueiras com microfuros, com o objetivo de circundar o local.
O equipamento funciona como uma bomba de aquário, afastando os peixes por alteração na pressão do ambiente, sem causar qualquer tipo de dano ou provocar riscos às espécies. “Todas as etapas do processo são acompanhadas por técnicos habilitados, e o chamado ‘plano de fogo’ (que prevê duas explosões diárias) segue todas as normas definidas pelos órgãos reguladores”, informa a nota.
Hidrovia Tietê-Paraná
Com um total de 2,4 mil quilômetros navegáveis, a Hidrovia Tietê-Paraná atende, sobretudo, o transporte da produção agrícola até o Porto de Santos. Com 30 terminais intermodais para carga e descarga de produtos, conecta os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
O trecho paulista possui 800 quilômetros. Somente nos primeiros seis meses deste ano, foram transportadas 810,7 mil toneladas, principalmente soja in natura e farelo de soja, 76% a mais do que no mesmo período do ano passado.