A região Noroeste do Estado de São Paulo e municípios circunvizinhos receberam milhares de imigrantes italianos que, entre as décadas finais do século 19 e as primeiras do século 20, deixaram seu país em busca de vida melhor. A maioria era originária de Napoles, no Sul da Itália, e desembarcou no porto de Santos, de onde eram encaminhados ao interior paulista para trabalhar nas fazendas de café e de outras culturas.
Com o passar do tempo, muitos desses imigrantes prosperaram e abriram seus próprios negócios, em indústrias de variados ramos (alimentício, metalúrgico, têxtil, equipamentos de transporte, etc.), no comércio e também na agricultura, tornando a região uma das mais desenvolvidas do país.
Essa história é rememorada pelo jurista, escritor e historiador Durval de Noronha Goyos Jr. no livro “Breve história da imigração meridional italiana no Estado de São Paulo”, lançado para celebrar os 150 anos da imigração italiana no Brasil, completados em 2024, e que agora ganha reedição com lançamento no próximo dia 18 de fevereiro em Rio Preto, onde o autor reside e mantém o Instituto Noronha, que abriga mais de 17 mil títulos de seu acervo literário.
São José do Rio Preto e cidades do entorno cresceram e enriqueceram com a forte contribuição dos italianos, e essa influência tem destaque nas primeiras cem páginas do livro, que cita nomes e sobrenomes de famílias que fizeram a região prosperar na medicina, música, engenharia, urbanismo, jornalismo e outros segmentos.
A obra, com 200 páginas e fartamente ilustrada com fotos históricas, analisa as condições socioeconômicas, políticas e demográficas da Itália antes da emigração, e avalia a situação do Brasil à época em que os italianos vieram em massa, deixando para trás suas famílias, a pobreza e até a própria história.
O autor, que integra a Academia de Letras de Portugal e presidiu a União Brasileira de Escritores, explica que havia interesse recíproco de ambos os governos, embora não explicitado da parte italiana, nessa emigração-imigração. A Itália recém-unificada, no movimento do Risorgimento, vivia um período de miséria, com boa parte de sua população passando fome. Ao deixar o país, essa numerosa parcela de emigrantes não só aliviava o peso demográfico nas contas públicas, como contribuía para recuperação da economia local por meio das remessas de dinheiro para os remanescentes.
Já o Brasil, às voltas com a abolição da escravatura, necessitava de mão de obra barata para substituir os escravos nas fazendas de café e também precisava povoar áreas férteis de baixa densidade demográfica. O escritor recorda que o “interesse do governo imperial do Brasil era claro em atrair italianos, tanto que nomeou, na Itália, agentes incumbidos de recrutamento e organização logística dos contingentes de emigrantes”. Não raro, esses agentes iludiam os interessados, que “viviam em desesperança em seu país” e, ao chegarem aqui, se deparavam com a vida precária que já lhes era familiar.
Noronha - que em 2013 publicou o livro “A campanha da Força Expedicionária Brasileira pela libertação da Itália”, - realça que a efeméride dos 150 anos da imigração “evoca a epopeia de parcela significativa do povo de uma nação subjugada, humilhada e em ruínas, que partiu para construir uma vida nova, com extraordinárias contribuições ao país que a acolheu”. Para ele, “Os miseráveis de um dado momento transformaram-se em gigantes noutro continente e nele desenvolveram todo seu potencial humano”.
Simultaneamente, o autor lançará a segunda edição do “Dicionário de Aforismas, Provérbios e Expressões Idiomáticas da Língua Napolitana”, nos idiomas napolitano, italiano, português e inglês. O conteúdo, em 350 páginas, foi extraído de livros, dicionários, canções, peças teatrais, poemas, preces, grafites e outras fontes, além de sua própria memória linguística de infância, que ele herdou da mãe, natural de Molise, sul da Itália.
Serviço:
Lançamento do livro “Breve história da imigração meridional italiana no Estado de São Paulo” e do “Dicionário de Aforismas, Provérbios e Expressões Idiomáticas da Língua Napolitana”
Data: 18/02/2025
Horário: das 19h30 às 22h
Local: Livraria Empório Cultural, no Riopreto Shopping
Ambos disponíveis aqui: http://observadorlegal.com.br/loja/
Preço: R$ 60,00 e R$ 90,00, respectivamente