Cultura & Turismo

Araçatubense é produtor de filme documentário da cultura musical no Acre

Rafael Batista, da Aruê!, é responsável pela direção e roteiro de "Baque do Santo", que será lançado na próxima quarta-feira
Lázaro Jr.
18/12/2023 às 19h16

Será lançado na próxima quarta-feira (20) no portal do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e em evento presencial em Rio Branco, capital do Acre, o filme “Baque do Santo - Festa, farra e forró na Amazônia Acreana”. 

 

Araçatuba (SP) estará representada no evento pelo produtor cultural Rafael Batista, que atuou como diretor e roteirista do documentário, que tem como protagonistas mestres e mestras da cidade de Tarauacá (AC). O filme é produzido pelo Baquemirim, organização da sociedade civil que trabalha pela salvaguarda das tradições orais no Estado do Acre.

 

Rafael conta que o Acre passou a fazer parte da história dele ainda em 2014, quando foi pela primeira vez para a Rio Branco. Ele retornou ao Estado em 2018 e em 2019 foi para morar. “Desde 2014 eu já senti que tinha uma ligação muito forte com o Acre, uma região que me permitiu estar em conexão com pessoas dos mais diferentes lugares e países”, comenta.

 

Biografia 

 

O araçatubense relata que começou a trabalhar com arte e cultura em Araçatuba em 2011, atuando em diferentes produções. O início foi no teatro, com a Companhia Vem Vento, em projeto com crianças.

 

Em 2013 ele publicou o primeiro livro, que foi premiado com o troféu Odete Costa. A partir daí participou de vários projetos e depois que foi morar no Acre, viveu várias experiências locais, se aprofundando com o tema.

 

Porém, devido à pandemia ele precisou retornar para Araçatuba, onde fez vários trabalhos financiados pela lei Aldir Blanc, por meio da Aruê! Arte, Cultura e Holismo, empresa individual de empreendimento criativo com sede em Araçatuba e dirigida por ele.

 

Entre os trabalhos realizados está o primeiro Festival de Contadores de História, realizado de forma on-line em parceria com a arte-educadora e multiartista Tânia Katuapó, reunindo os principais nomes do País na área. Ainda em 2021 ele apresentou a Virada Cultural em São Paulo, representando Araçatuba, e também teve várias produções literárias publicadas. 

 

Filme

 

Segundo Rafael, o filme surgiu do interesse do Iphan em realizar uma produção audiovisual para a salvaguarda das matrizes tradicionais do forró no Acre. Para isso, o instituto confiou no trabalho de pesquisa e produção cultural realizado pelo Baquemirim, através do artista visual, músico e mestrando em musicologia pela UNB (Universidade de Brasília), Alexandre Anselmo.

 

O filme apresenta um recorte documental das festas que são realizadas em Tarauacá (AC), no bairro da Praia. Essas festas acontecem na casa de dona Graça e seu esposo, o senhor Santinho, músico caboclo de origem indígena e seringueira que garante: “A música que a gente tocava nos seringais é a mesma que continuamos tocando aqui na ‘rua’ nas celebrações de aniversários e no dia a dia aqui em casa”.

 

Experiência

 

Rafael conta que junto das equipes do Baquemirim e Iphan-AC, eles passaram vários dias convivendo e gravando depoimentos, canções e composições regionais e autorais com os diversos músicos, mestres dos ritmos tradicionais conhecidos popularmente como baque.

 

De acordo com ele, esses artistas fazem a alegria dos ex-moradores dos seringais, preservando uma musicalidade que tem a cara da Amazônia. “Poder mostrar essas tradições para o resto do País foi o que me motivou durante a produção desse documentário”, explica.

 

Ainda segundo Rafael, a convivência com os músicos do Baque e o povo que participa e dança nessas festas proporcionaram muitos aprendizados que ele deseja compartilhar com aqueles que assistirem a esse filme. “Essa foi a minha primeira experiência como diretor e tive essa oportunidade de trabalhar um tema de resistência cultural que se reflete na própria preservação da floresta e suas tradições”, enaltece o diretor da Aruê!.

 

Povos originários

 

Segundo o pesquisador e diretor musical Alexandre  Anselmo, os Baques de samba e marcha são práticas ainda inéditas na musicologia brasileira, permanências das linguagens musicais dos povos originários do Acre que atualmente ganham o mundo através da juventude indígena, os Txanás, e tiveram nos seringais sua formação através do uso dos instrumentos ocidentais pelos povos originários desde o início da colonização.

 

As Matrizes Tradicionais do Forró foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil em 2021 e desde então o Iphan vem realizando uma série de ações no País para sua valorização e preservação. A produção do documentário faz parte destas ações, tornando-se um instrumento histórico para o registro e salvaguarda destas matrizes no Acre. 

 

Projeto

 

O Baque do Santo teve o apoio na sua produção do Instituto Nova Era de Desenvolvimento Socioambiental, da Aruê! e dos órgãos ligados ao governo do Acre, Fundação de Cultura Elias Mansour e Secretaria de Estado de Comunicação e ainda da Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Turismo da prefeitura de Tarauacá.

 

Conheça mais sobre o trabalho acessando o Instagram do Baquemirim. Segue uma playlist com as músicas da região.

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