“Fiquei o Natal e o Ano Novo longe da família, mas agora estou feliz, pois voltei para casa e posso vir aqui somente para fazer a hemodiálise”. As palavras são do paciente Silvino Batista dos Santos, 59 anos, que mora em Birigui (SP) e passou 20 dias internado em um dos leitos da Santa Casa de Araçatuba para garantir as três sessões semanais de hemodiálise de que necessita.
Ele é um dos 12 pacientes com Doença Renal Crônica que estavam internados em alas de enfermaria do hospital e que receberam alta médica nesta segunda-feira (13), graças à criação de novas vagas no HR (Hospital do Rim).
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, esses pacientes permaneceram internados em leitos de enfermaria por períodos que chegaram a até 90 dias, para garantir as sessões de hemodiálise que necessitam, devido à falta de vagas no HR. Agora, eles podem voltar para casa, para comparecer apenas três vezes por semana no HR para serem submetidos às sessões de hemodiálise, que duram 4 horas.
Para o administrador da Santa Casa, Luiz Otávio Barbosa Vianna, ao garantir as vagas para esses pacientes, o hospital está restituindo a eles, o direito à um tratamento humanizado, com o convívio familiar.
Aluguel
Para aumentar a capacidade do Hospital do Rim, a Santa Casa alugou seis máquinas de hemodiálise, que custarão R$ 10 mil por mês, valor que será coberto com recursos próprios da instituição. Até então, o Hospital do Rim atendia 324 pacientes que realizavam sessões de hemodiálise, número que aumentou para 336. Com o aluguel, subiu de 54 para 60 o número total de equipamentos disponíveis.
Segundo o que foi divulgado, essa é a primeira etapa do projeto de ampliação da capacidade de atendimento do HR. A meta da direção da Santa Casa é continuar ampliando a estrutura para atender a demanda reprimida por tratamento dialítico.
Água
Hoje não adianta locar novos equipamentos porque a oferta de água tratada necessária para as sessões de hemodiálise é insuficiente. Segundo o hospital, esse tratamento é realizado pelo sistema de osmose reversa, que remove impurezas, bactérias, microrganismos e agentes patogênicos da água.
Para ampliar essa capacidade, o hospital fez uma parceria com o Unisalesiano, através do Programa Mais Médicos, e já iniciou obras para atualização do sistema que visa aumentar a oferta de água tratada no Hospital de Rim.
O investimento será de R$ 150 mil e a previsão é de que o trabalho seja concluído em meados de abril. Quando essa adequação for concluída, serão locadas mais quatro máquinas. “Com isso, totalizaremos 10 pontos de hemodiálise, possibilitando atender mais 60 pacientes, em três turnos”, informa a coordenadora de enfermagem do HR, enfermeira Clarissa Costa.
Demanda
O investimento é necessário porque devido à falta de vagas, outros 30 pacientes de Araçatuba foram remanejados para hospitais de Ilha de Solteira e Promissão para passarem pelo tratamento. Eles viajam três vezes por semana para fazer hemodiálise.
Além disso, enquanto esses 12 pacientes que receberam alta nesta segunda-feira estavam internados, a Santa Casa teve dificuldades para oferecer vagas de internação a pacientes encaminhados pelo pronto-socorro municipal.
No período que antecedeu a atual endemia de dengue, a média era de 20 pacientes aguardando vagas no hospital. Com o investimento feito no HR, o administrador da Santa Casa ressalta que haverá mais vagas para atender esses pacientes do pronto-socorro.
Mais investimentos
A liberação do dinheiro da emenda parlamentar de R$ 15 milhões destinada pelo deputado federal Ricardo Sales (PL-SP) à Santa Casa será decisiva para obter a estrutura necessária ao atendimento da demanda do Hospital do Rim, de acordo com a diretoria da instituição.
Desse total de recursos, R$ 2.850,000,00 serão investidos na compra de 42 máquinas de hemodiálise, que substituirão as atuais, e na abertura de novos pontos de tratamento de água.
A fase atual é de preparativos para assinatura do convênio entre o Ministério da Saúde e Santa Casa. Depois disso, será feita a licitação dos 102 itens constantes no plano de trabalho para aprovação e liberação dos recursos para efetivação das compras.
O hospital informa que há um aumento no número de pacientes diagnosticados com Doença Renal Crônica, que já representam 10% da população do país, de acordo com a coordenação de Prevenção às Condições Crônicas na Atenção Primária do Ministério da Saúde.
A doença é mais comum em pessoas com hipertensão e diabetes, doenças que afetam diretamente a função renal. O envelhecimento é outro fator de risco e a população acima de 60 anos a mais afetada. A maioria dos casos é diagnosticada em estágios mais avançados, dificultando o tratamento.