Cotidiano

Curso capacita profissionais de saúde para aumentar captação de órgãos na região

“A educação é o elemento central e mais importante na formação de um sistema de transplantes ágil e eficiente”, afirma especialista de Santa Catarina, referência em captação de órgãos no Brasil
Lázaro Jr.
07/05/2024 às 22h15
O médico intensivista Joel de Andrade foi um dos especialistas que ministrou o mega treinamento (Foto: Lázaro Jr.) O médico intensivista Joel de Andrade foi um dos especialistas que ministrou o mega treinamento (Foto: Lázaro Jr.)

“A educação é o elemento central e mais importante na formação de um sistema de transplantes ágil e eficiente”. A afirmação é do coordenador estadual de transplantes de Santa Catarina, médico intensivista Joel de Andrade, um dos especialistas que ministrou o mega treinamento oferecido para 56 profissionais de Saúde de Araçatuba e região no último final de semana no Unisalesiano.

 

O curso foi coordenado pela OPO (Organização de Procura de Órgãos) do HB (Hospital de Base) de São José do Rio Preto. E, de acordo com o que foi informado, Santa Catarina é referência no País em doações de órgãos.

 

Andrade explicou que desde 2008 o Estado tem aprimorado e adaptado o sistema espanhol de captação de órgãos, que é considerado o melhor do mundo. Isso é feito por meio de uma rede de coordenadores de transplantes, que atua na procura de potenciais doadores e com treinamentos oferecidos pelo menos 12 vezes ao ano, criando uma cultura de doação de órgãos nos 69 hospitais doadores no Estado.

 

“As famílias são acolhidas por profissional treinados, especialistas em comunicação em situação crítica, feita de forma empática, e dentro desse cenário, é oferecida a possibilidade de doação de órgãos”, explica.

 

Eficiência

 

Com isso, de acordo com o médico, enquanto no Brasil a média de recusa de doação de órgãos gira em torno de 42%, em Santa Catarina esse índice cai para 30%, o que também ocorre nas regiões de Rio Preto e Araçatuba, segundo ele, graças à qualificação dos profissionais. “As diferenças estão basicamente centradas no treinamento e estrutura para trabalhar no dia a dia com a família. A dificuldade adicional é não ter oficializada a função do coordenador hospitalar de transplantes na rede”, argumenta.

 

O especialista acrescenta que o principal objetivo do treinamento oferecido é capacitar os profissionais para tratar bem as família. “Quando as famílias são bem tratadas, elas tendem a ter uma resposta muito mais positiva. Se sentem que há interesse comercial nos órgãos, a relação deteriora”, argumenta.

 

Conscientização

 

O coordenador da OPO do HB de Rio Preto, médico nefrologista João Fernando Picollo, reforçou que a finalidade do curso é educar sobre diagnóstico da morte encefálica e a comunicação com o familiar no momento de decidir sobre a possibilidade de doação dos órgãos. “Nosso foco é sempre conscientizar o profissional de saúde. Ele que faz toda diferença na hora de conversar com a população”, afirma.

 

Ele explicou que a doação de órgãos é medida em números e que no Brasil, há 20 doadores para cada 1 milhão de pessoas. Porém, de acordo com Picollo, com esse trabalho realizado na região de Rio Preto, e estendido para Araçatuba, na região esse número sobe para 45 doadores por milhão. “Então, isso faz toda diferença, a conscientização da população, mais o papel do profissional de saúde treinado, capacitado e habilitado para conversar com as famílias”, declara.

 

Curso

 

A capacitação dos profissionais pela OPO do HB de Rio Preto teve início em 2011, de acordo com o que foi divulgado. No final de semana, o treinamento reuniu 56 profissionais. Participaram integrantes da Santa Casa Araçatuba, que é coorganizadora do evento, e da Santa Casa Andradina, do Hospital Estadual de Mirandópolis, do Hospital Regional de Ilha Solteira, do Hospital Unimed Araçatuba, da Santa Casa de Birigui e do Hospital Unimed Birigui.

 

O treinamento oferecido é chamado CDME (Curso de Comunicação em Situações Críticas e de Determinação em Morte Encefálica) e fornece aos participantes as habilidades técnicas, éticas e jurídicas necessárias para realizar o diagnóstico de morte encefálica, orientação sobre a melhor maneira de lidar com o luto e abordar questões como a comunicação de más notícias, além do processo de solicitação de doação de órgãos, entre outros tópicos.

 

Números

 

Segundo o HB, no Brasil a taxa de autorização das famílias é de 55% e na região de Rio Preto, de 75%. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial em doação e transplantes de órgãos, garantido de forma integral e gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde), responsável por financiar e realizar mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do País.

 

Entre janeiro e setembro de 2023 foram realizados no Brasil mais de 6,7 mil transplantes, melhor resultado dos últimos 10 anos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Em números absolutos, o Brasil é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

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