Cotidiano

Araçatubense que estava em Israel retorna para casa

A oceanógrafa Joseane Marques desembarcou no aeroporto Dario Guarita nesta segunda-feira: “estou contente porque posso deixar minha família tranquila”
Lázaro Jr.
16/10/2023 às 18h42

A manhã desta segunda-feira (16) foi de alívio para os familiares da oceanógrafa Joseane Marques, de Araçatuba (SP), mas que estava em Israel, onde reside e trabalha desde 2021 como pesquisadora. Ela desembarcou às 10h15 no aeroporto Dario Guarita.

 

A araçatubense chegou ao Brasil na madrugada de domingo (15), no quinto voo de repatriação da FAB (Força Aérea Brasileira) proveniente de Israel, cujo objetivo é retirar brasileiros da zona de conflito. Neste voo da operação Voltando em Paz, do governo brasileiro, Joseane desembarcou no Rio de Janeiro com outros 214 brasileiros e 16 animais de estimação.

 

A araçatubense é formada pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e desde 2021 reside na cidade de Eilat, onde faz pós-doutorado. O estudo dela é sobre a saúde dos recifes de corais no Mar Vermelho. Por isso ela reside nessa região, que fica no extremo sul de Israel, na fronteira com a Jordânia e o Egito.

 

Medo

 

Joseane informa à reportagem que na manhã do sábado que houve o início dos ataques do Hamas a Israel, ela estava em Tel Aviv visitando um amigo e eles ouviram as sirenes tocar. “Quando aconteceu não imaginava o tamanho do problema, achávamos que eram apenas sirenes”, contou.

 

De acordo com ela, havia bunkers, que são os abrigos construídos de ferro e concreto, localizados principalmente no subsolo, no final da rua onde eles estavam, onde poderiam se abrigar. “Depois de um tempo a gente percebeu que o problema era mais grave do que os bombardeios que costumam haver”, conta.

 

Com eles estavam de carro, decidiram permanecer onde estavam até o período da tarde e seguiram de volta para Eilat. Porém, tiveram que percorrer um caminho mais longo para não entrar nas áreas de risco. “Foi tudo bem, calmo, e conseguimos voltar para casa com segurança naquele dia”, explicou.

 

Retorno

 

Como a cidade onde ela mora é separada por um deserto da Faixa de Gaza, que está sob bombardeio de Israel, Joseane contou que inicialmente não pensava em retornar ao Brasil, por se sentir segura. Tanto que várias famílias que tiveram as casas destruídas nos ataques estão abrigadas em Eilat, de acordo com ela.

 

Porém, com o passar do tempo e o aumento da tensão, a preocupação da família dela em Araçatuba foi crescendo e ela decidiu se inscrever no programa de repatriação do governo federal. “Acho que foi uma boa, porque se as coisas escalarem (o conflito), Eilat pode começar a ficar em risco e eu não gostaria de ficar presa lá se isso acontecesse”, comentou.

 

Segundo Joseane, ela não imaginava que fosse ser chamada para retornar ao Brasil tão rápido, pois a prioridade seria para turistas, grávidas e pessoas das zonas de risco. Por isso, acredita que teve sorte de já estar em casa, com a família. “Estou contente porque posso deixar a minha família tranquila e não preciso correr o risco se as coisas piorarem na cidade onde moro, pois existe essa possibilidade, apesar de ser baixa”, contou.

 

Preocupação

 

Apesar de estar tranquila, a araçatubense comenta que se preocupa com os amigos que deixou para trás. Ela explica que outros países não ofereceram a mesma ajuda que o governo brasileiro. Alguns amigos dela tiveram que viajar até a Jordânia, onde embarcaram para a Europa, tendo que pagar passagens com valores exorbitantes. A ajuda oferecida pelo governo, nesse caso, foi um financiamento.

 

Além disso, ela conta que muitos voos comerciais são cancelados, não havendo a certeza de regresso para quem pretende deixar aquela região por conta própria.

 

Joseane informa ainda que a comunidade estrangeira no instituto de pesquisa para o qual ela trabalha é bem grande e ela tem amigos que foram convocados pelo exército de Israel. Além disso, há alunos na universidade onde ela trabalha que residem na Faixa de Gaza e estão correndo perigo.

 

“A gente sabe que as famílias deles estão correndo riscos enormes. São civis, são pessoas de bem, então é muito triste essa situação, porque dos dois lados existem pessoas inocentes que estão sendo machucadas”, conclui.

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