O penapolense Loan Barbosa, que é técnico em restauração florestal na Fundação SOS Mata Atlântica, atua diretamente em importantes projetos de restauração florestal implementados às margens do rio Tietê, nas áreas das barragens de Promissão e Barra Bonita, que abrange 38 municípios.
De acordo com o que foi informado, o projeto já tem oito anos e nesse período, foram plantadas 2,2 milhões de mudas nativas do bioma mata atlântica, contribuindo para a formação de corredores ecológicos nessa região, o que equivale a uma área correspondente a 940 campos oficiais de futebol.
O trabalho realizado chamou a atenção do Dj Alok, que em fevereiro visitou a sede da fundação em Itu, para conhecer o espaço e plantar árvores, acompanhado da esposa Romana e dos filhos do casal. “O Alok não está envolvido neste projeto especificamente, mas espero que esteja nascendo uma grande parceria, pois ele é um DJ com visão de futuro do planeta Terra, com vários projetos no Brasil e em outros países” , comenta.
Atuação
Loan explica que o papel dele nos projetos de restauração envolve todo processo de campo, desde o reconhecimento das áreas que serão restauradas em todas suas etapas. Isso inclui o acompanhamento do preparo de solo, plantio, irrigação, manutenções e monitoramento das áreas implementadas.
Ele também é responsável por elaborar relatórios de acompanhamento técnico, suporte técnico, orientação as equipes de campo executoras dos projetos em questão, e elaboração e aplicação do protocolo da SMA 32 exigidos pela Cetesb (Companhia Ambiental de São Paulo).
“A restauração florestal não se resume ao mero ato de plantar árvores. É extremamente necessário a atenção para o reestabelecimento dos processos ecológicos originais de cada região, considerando fatores como a presença da riqueza de espécies nativas do bioma local e fauna existente”, explica.
De acordo com o ambientalista, essas ações são de fundamental importância para dar suporte à implementação de uma floresta cada vez mais próxima da original, que existiu no passado, mantendo a diversidade e sucessão ecológica o mais natural possível.
Tietê
Sobre o projeto de restauração florestal do rio Tietê, Loan explica que a intenção é restaurar as margens do rio e seus afluentes através das matas ciliares, para levar abrigo, alimento para fauna local e todos os serviços ecossistêmicos que elas nos fornece. “Essa restauração é importante também para a melhoria da qualidade do solo e da água, pois as árvores ajudam a minimizar a erosão e elevam a fertilidade do solo”, informa.
De acordo com ele, ao regular a erosão, as árvores reduzem a quantidade de sedimentos – terra e solo – que chegam aos rios, elevando a qualidade da água de modo geral. “Além disso, as plantas absorvem dióxido de carbono, gás de efeito estufa vilão do aquecimento global”, explica.
Mudanças climáticas
O ambientalista acrescenta que ao remover o dióxido de carbono da atmosfera, a vegetação ajuda a mitigar os efeitos da mudança climática. E a restauração florestal tem como objetivo recuperar a integridade ecológica dos ecossistemas, considerando os seus valores ambientais, econômicos e sociais.
“Em médio e longo prazo, deve haver o restabelecimento da estrutura, produtividade e diversidade, a fim de alcançar o máximo possível da semelhança com o que era a floresta originalmente. Ou seja, restaurar, está diretamente ligado à preservação da biodiversidade, da qualidade de vida, da qualidade do ar e das mudanças de temperatura que temos enfrentado”, informa.
Cidades
Ainda de acordo com o técnico florestal, restaurar as florestas é essencial para garantir um futuro sustentável e equilibrado para todas as formas de vida no planeta. Porém, não se pode pensar em plantar árvores somente em áreas rurais. “Temos que pensar em ter árvores dentro dos municípios, na frente das casas, nos comércios, nas escolas, nas praças”, alerta.
Ele explica que a cada novo empreendimento as áreas verdes são substituídas por concreto, ignorando a identidade local e sua importância ambiental. “Agora, vivemos um dos verões mais quentes da história, enfrentando temperaturas extremas e um clima cada vez mais hostil”, diz.
Loan afirma que esse “apagamento” da paisagem natural que regulava a temperatura, absorvia a água da chuva e tornava o espaço mais habitável está criando ilhas de calor, enchentes e cidades cada vez menos resilientes. “Todas suas áreas verdes e árvores estão sendo substituídas por empreendimentos mobiliários”, comenta.
Educação
O ambientalista informa que também atua com atividades de educação ambiental em Penápolis, Araçatuba, Birigui, Bento de Abreu, além de ter um projeto semelhante em um território indígena na região de Bauru. Recentemente ele esteve em Araçatuba, onde participou de uma oficina na Ong Clube da Árvore.